Rui Rio recorreu a uma metáfora com laticínios para fugir às questões sobre o secretário-geral do PSD, José Silvano, que continua sem explicar como teve uma presença fantasma no hemiciclo. “As minhas palavras não são como os iogurtes, que têm uma validade de 30 dias, têm uma validade prolongada”, disse o presidente do PSD à chegada do Congresso do Partido Popular Europeu, em Helsínquia. Rio diz que, para saberem a sua opinião, os jornalistas só precisam de rebobinar o que disse nos últimos dias, em que reduziu o caso a uma “pequena questiúncula”. Para Rio nada mudou desde que falou já que as suas palavras “só se alteram quando se alteram as circunstâncias”. Ou seja: está satisfeito com as justificações dadas por Silvano.

Silvano justifica dinheiro recebido, mas não explica presença fantasma no Parlamento

Após mais insistência para explicar se não há falhas éticas no ato de Silvano, Rio voltou a insistir nos laticínios: “Há políticos em que o prazo de validade até é inferior ao iogurte, que são 30 dias. Normalmente, quando se compra um iogurte no supermercado dura 30 dias.” Curiosamente, 30 dias foi o prazo de validade do primeiro secretário-geral da era Rio, Feliciano Barreiras Duarte, que ao 31º dia no cargo se demitiu na sequência da polémica por mentido no currículo e por ter dado uma morada errada no Parlamento.

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Mas Rio foi a Helsínquia, na Finlândia, falar de Europa. Sobre isso, explicou que o “ponto fundamental” do Congresso do PPE é a escolha daquele que será o candidato  à presidência da Comissão Europeia. E, portanto, se o PPE tiver um resultado que o justifique nas próprias eleições europeias — como tem tido ao longo dos anos — em princípio quem aqui ganhar o Congresso será o substituto do Jean-Claude Juncker“. À semelhança do que já tinha feito anteriormente, Rio diz quer Manfred Weber quer Alexander Stubb “têm condições e valor para ser candidatos a presidente da Comissão Europeia, mas o PSD só pode optar por um e tem “uma maior aproximação ao Manfred Weber”. Que também é pessoal com o líder do PSD: “Eu próprio também tenho uma maior ligação pessoal. Os deputados do PSD também têm porque ele é justamente presidente da bancada do PPE.”

Sobre Weber, Rio disse ainda que o alemão tem “características de diálogo que são fundamentais para a Europa. Quer no diálogo norte-sul, se assim se pode dizer, quer fundamentalmente no diálogo Leste-Oeste. É um homem que tende a fazer consensos, que tende a fazer pontes, mas não vejam estas minhas declarações como depreciativas para o outro candidato. Só pode ser um. E escolhemos o que nos está mais próximo. Talvez por termos relações pessoais mais próximas.”

Quanto à intervenção de quatro minutos que fará esta quarta-feira à tarde no Congresso, Rio antecipa que vai “elencar aquilo que são os principais problemas da União Europeia e dar dois ou três highlights sobre o rumo que deviam tomar”. Os temas, revela o líder social-democrata, vão ser “a questão da segurança, a da reforma da União Económica e Monetária, que para Portugal é absolutamente fundamental, a questão das migrações e o declínio dos partidos tradicionais e a emergência de partidos extremistas e de perfil mais nacionalista e mais populista”. O crescimento dos populismos, na opinião de Rio,não é “uma causa, são o efeito de erros que nós fomos cometendo todos, em cada um dos países”. E por isso, defende: “Temos de repensar esta situação para que não surjam fenómenos extremistas”.

Cristas mantém tabu sobre candidato que CDS vai escolher (e até pode não escolher)

Vinte minutos antes de Rui Rio chegar ao Congresso, a líder do CDS não quis adiantar qual dos dois candidatos que estão na corrida para candidato da direita à Comissão Europeia irá apoiar. Assunção Cristas já falou com Manfred Weber e Alexander Stubb em Lisboa, mas tem a “expectativa de ouvir também aquilo que vão dizer ao Congresso, no debate que ocorrerá entre os dois”. Será um debate de meia hora que decorre ao final da tarde desta quarta-feira.

Cristas deixa uma sugestão de que os cinco delegados do CDS podem pender para Stubb, já que não é a primeira vez que os centristas vão contra o candidato do sistema (que neste caso é Weber). “Como é sabido, nós, CDS, também tínhamos uma inclinação que não se confirmou por Michel Barnier, que está a fazer um trabalho fantástico na negociação do Brexit”, lembrou. Para já, Cristas quer ver com “muita atenção” a “prestação, o debate e o que têm a dizer aos congressistas” os dois candidatos.

Cristas destaca que o finlandês e o alemão têm perfis muito diferentes, mas que “qualquer um deles tem as competências, o conhecimento e a experiência política necessárias para serem bons presidentes da Comissão Europeia”. Ao lado do candidato do CDS às Europeias, Nuno Melo, Cristas destaca que o CDS “encabeça uma lista rica para o Parlamento Europeu”, mas quer ao mesmo tempo que” na Comissão Europeia esteja alguém capaz de desempenhar um lugar relevante, de ter uma liderança diferente para os novos tempos em que a Europa precisa de se afirmar e que tenha sensibilidade para vários países”.

A líder centrista admite ainda dar liberdade de voto aos cinco delegados e cada um votar no candidato que considera mais adequado.

Cristas participa esta tarde num debate na sala principal do Congresso que tem como tema “Prosperidade para todos: mais crescimento e empregos“.