É fácil encontrarmos pessoas que nos oferecem as mais variadas ideias sobre onde devemos aplicar o nosso dinheiro – desde as dicas dos colegas de trabalho, os conselhos dos avós até às ideias maribulantes dos amigos. Apesar das boas intenções, nenhum destes conselhos substitui o que deve ser uma efetiva estratégia de investimento.

Escolher uma combinação de formas de investir nas quais aplicamos as nossas poupanças, é o que chamamos na área dos investimentos de diversificação. A diversificação dos seus investimentos, em conjunto com o fator tempo, são dois dos principais ingredientes para um investimento de sucesso a longo prazo.

Diversificar consiste, por isso, na distribuição do seu dinheiro em diferentes produtos financeiros e com diferentes níveis de risco. Ao ter uma carteira combinada de investimentos em diferentes classes de ativos, como obrigações ou ações em diferentes geografias, reduz o risco que os seus investimentos sofrerão se uma destas classes não estiver a apresentar uma performance positiva.

Assim, uma carteira de investimentos que inclua ações e obrigações irá comportar-se de forma diferente de uma que inclua só ações num momento em que este mercado apresente uma performance negativa. Veja o exemplo das ações financeiras nos finais de 2007/2008 devido à crise dos empréstimos de habitação (“subprime”). Quem fez investimentos exclusivamente no setor financeiro antes da crise, viu as suas poupanças a diminuírem drasticamente.

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Se já parece arriscado colocar a maior parte do seu dinheiro num setor único seria ainda pior se o fizesse apenas aplicando numa única ação. Foi o que alguns investidores fizeram nos finais dos anos 90 quando a maior parte dos empregados de empresas tecnológicas apostaram apenas nas ações da sua empresa. Em dezembro de 2000, as ações da Amazon foram vendidas por mais de 100 dólares. Em setembro de 2001 tinham caído para menos de 6 dólares e só em dezembro de 2007 é que valorizaram novamente para os 90 dólares.

A história ensina-nos que erros devemos evitar no presente para que estes não se repitam. Os investidores que sabem diversificar a sua carteira, protegem-se do impacto que a queda de uma única ação pode ter nas suas poupanças. Se só investir numa única ação e não diversificar, não está a investir mas sim a apostar!

Já sabemos que é importante criar um investimento diversificado. No entanto, é importante que essa diversificação – que pode apresentar maior ou menor risco – seja baseada nos seus objetivos, na sua tolerância ao risco, situação financeira em que se encontra e em quantos anos tem previsto utilizar o dinheiro aplicado.

Após a definição da sua carteira de investimento é importante não esquecer de tempos em tempos ir fazendo um check- up. Deve verificar a distribuição por classe de ativos de cada vez que existam alterações significativas nas suas finanças – no caso de ter perdido o seu trabalho ou, antes, ter ganho uma remuneração extra na empresa. O check-up é uma boa altura para determinar se precisa de fazer alterações às suas aplicações financeiras – aumentar ou diminuir o risco – ou se deve reconsiderar algum tipo de investimento específico.

A diversificação é uma abordagem válida para todo o tipo de investidores, qualquer que seja a fase da vida em que se encontrem.

Uma pessoa que esteja perto da idade da reforma e que não tenha outro tipo de rendimento, possivelmente não estará disposto a correr muito risco. O seu objetivo não é fazer crescer o seu património mas antes mantê-lo. A necessidade de preservar a riqueza exigirá uma perspetiva de baixo risco que determinará como alocar os ativos. Nesta fase, é importante colocar uma parcela significativa das suas poupanças em ativos que geram uma fonte estável de rendimento.

Por outro lado, uma pessoa mais nova que quer construir as suas poupanças e que tem mais tempo até essas poupanças virem a ser necessárias, podem arriscar mais nos investimentos do que uma pessoa perto da idade da reforma. Os investidores mais jovens irão distribuir a maior parte dos seus ativos em ações pois esta classe de ativos, em condições razoáveis do mercado e com base na história que conhecemos, vão fornecer uma maior oportunidade de valorização ao longo do tempo. No entanto, ainda que uma pessoa mais nova possa correr mais risco, é importante suavizar os períodos inevitáveis de um mercado acionista em queda. Usando a diversificação, o seu dinheiro estará aplicado de uma forma equilibrada.

Os fundos de investimento têm a capacidade de diversificar por diferentes ativos, setores, geografias e horizontes temporais, pelo que são uma das ferramentas indicadas para maximizar a rendibilidade e minimizar os riscos dos seus investimentos a médio e longo prazo.

Diversifique e disfrute do passeio!

Este artigo é da autoria do IMGA