A última Assembleia Geral do Sporting mostrou bem as feridas ainda abertas no universo leonino e que foram admitidas pelos próprios dirigentes no final de uma reunião magna onde o Orçamento do clube passou apenas com 56% dos votos (nunca visto em Alvalade, pelo menos nos tempos recentes) e o Relatório e Contas relativo à antiga Direção mereceu 82% a favor. Não só os resultados mas também, ou sobretudo, os ânimos exaltados em alguns momentos com apoiantes de Bruno de Carvalho a fazerem-se ouvir tiveram o condão de “despertar alarmes” em relação ao próximo encontro entre associados no próximo sábado, desta feita para apreciar o recurso de antigos dirigentes – e alguns que não chegaram a ser – a propósito da sua suspensão ou expulsão de sócios, numa decisão tomada pela anterior Comissão de Fiscalização nomeada por Marta Soares.

Ânimos exaltados, assobios e insultos na AG do Sporting, que passou Orçamento com apenas 56%

Rogério Alves, atual presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, deu esta terça-feira uma conferência de imprensa onde detalhou alguns dos pormenores da organização da reunião magna com dois pontos importantes a reter: 1) o enfoque, por mais do que uma vez, na questão da segurança do ato; 2) a possibilidade de, tal como tinha acontecido numa das últimas Assembleias Gerais com Bruno de Carvalho no Pavilhão João Rocha e na reunião magna que levou à destituição do antigo líder no Altice Arena, qualquer sócio poder entrar, votar e ir embora, algo que no passado recente não costumava ser um procedimento habitual (só depois da discussão dos pontos da ordem de trabalhos é que era aberta a votação).

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“Esta vai ser uma Assembleia Geral com características inéditas, porque nunca se realizou uma para avaliar e votar os recursos da suspensão e expulsão dos visados que todos sabem quem são. Estas pessoas decidiram recorrer da decisão, conforme está nos estatutos. A Assembleia Geral foi marcada para debater, trocar pontos de vista e deliberar. Estamos a criar condições para que as pessoas possam vir em segurança à Assembleia Geral, possam participar nos debates se quiserem, possam ouvir as trocas de opiniões se quiserem mas também votar e ir embora, se assim desejarem. Até aí, queremos que seja uma Assembleia Geral livre. Espero que seja uma afirmação de sportinguismo e que seja uma Assembleia conclusiva em relação ao que for votado pelos sócios. E repito: estamos a fazer uma aposta forte na garantia de que a segurança estará presença e que toda a gente pode vir, participar, votar e partir em segurança”, começou por explicar o número 1 da Mesa.

“Foi o principal artífice e responsável da situação grave criada”: as razões para a suspensão de Bruno de Carvalho

“A segurança decorrerá nos moldes tradicionais, com a entidade de segurança privada que presta serviços ao Sporting e com a Polícia de Segurança Pública. Mas queríamos que a segurança começasse e acabasse no comportamento das pessoas, isso seria o ideal. Depende muito delas e os sócios são pessoas pacíficas que querem que tudo decorra de forma pacíficas. É fundamental que, se acontecer alguma coisa, haja quem possa intervir”, acrescentou depois na conferência.

Reviravolta no Sporting: Direção substitui Mesa com Comissão Transitória e anula AG de destituição

De referir que a Assembleia Geral do Sporting do próximo sábado servirá para avaliar o recurso das sanções aplicadas pela Comissão de Fiscalização: um ano de suspensão de sócio para o antigo presidente, Bruno de Carvalho; dez meses de suspensão de sócio para os ex-vices e vogais Carlos Vieira, Rui Caeiro, Alexandre Godinho, José Quintela e Luís Gestas; e expulsão de sócio para Elsa Judas e Trindade Barros, líder e número 2 da Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral nomeada por Bruno de Carvalho para substituir Marta Soares e que viria mais tarde a ser considerada ilegal. Também sobre eles, em especial o número 1 destituído, Rogério Alves explicou o que pode ou não acontecer.

“Os estatutos do Sporting não definem se as pessoas suspensas podem ou não participar na Assembleia Geral mas a Mesa decidiu que sim. Claro que é uma decisão com caráter excecional, porque se estão suspensas não deveriam participar, mas tivemos em conta a possibilidade do contraditório. Assim, foi permitida a participação de todos os visados, caso assim entendam, para fazerem uma intervenção de 15 minutos para dizerem o que entendem. É esse o comportamento adequado num clube democrático, de um país democrático, de um continente democrático”, frisou mais tarde na conferência.

Sporting expulsa Elsa Judas e Trindade Barros de sócios. Recomendação de expulsão para Bruno de Carvalho

“Relativamente ao presidente anterior, o que vai ser deliberado é a suspensão de Bruno de Carvalho, vai ser votada a suspensão por um ano e apenas isso. As sanções aplicadas não podem ser alteradas pela Assembleia Geral, ou se mantêm ou são revogadas. A Assembleia Geral não expulsa ninguém, apenas ratifica decisões e pode deliberar a reabilitação. Ou a sanção aplicada se mantém ou é revogada. Não pode ser alterada, nem diminuída, nem aumentada”, concluiu Rogério Alves.