Quando José Mourinho estava no Bonfim a ver o clube da sua terra, V. Setúbal, a receber o Santa Clara, o Manchester City era surpreendido em casa pelo Crystal Palace por 3-2, naquela que foi uma das grandes surpresas da tarde na Premier League a par da derrota do Chelsea em Stamford Bridge frente ao Leicester (1-0). Até hoje, os citizens tinham ganho todos os jogos no Etihad Stadium (nove) e nunca consentiram mais do que um golo ao adversário entre algumas goleadas aplicadas pelo meio. Esta tarde, tudo foi diferente. Mas essa não foi a única coisa que mudou entre as equipas de Manchester, longe disso.

Manchester City perde com Crystal Palace e atrasa-se na perseguição ao Liverpool

Ole Gunnar Solskjaer, avançado que será para sempre recordado em Old Trafford pelo golo que decidiu a final da Liga dos Campeões frente ao Bayern nos descontos, era esta terça-feira treinador do modesto Molde. Depois do despedimento de José Mourinho, e havendo a perceção de que o melhor seria encontrar um caretaker (interino com duração mais alargada) até ao final da época, o norueguês recebeu a chamada dos responsáveis dos red devils e pôs-se a caminho de Manchester. Quase sem tempo, falou com os jogadores, orientou um par de treinos e preparou-se para a estreia com o Cardiff.

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“Quando tens uma oportunidade destas e te oferecem um contrato de seis meses, dizemos logo que sim e estou orgulhoso de dar o meu contributo. O meu trabalho, nos próximos seis meses, passa por ajudar o clube da melhor forma que posso. Referência? Alex Ferguson. Para ser honesto, influenciou-me em tudo. O trato dele, a forma como dirigia o clube, a maneira como mantinha 25 jogadores internacionais orgulhosos e motivados mas também as pessoas do clube. Ele foi o meu mentor, apesar de não perceber imediatamente isso. Já o contactei, porque não há ninguém melhor a quem pedir conselhos”, comentou.

Não era propriamente um adversário fácil, apesar da situação complicada na tabela classificativa. Até porque o Cardiff tinha ganho os últimos três jogos em casa. No entanto, provou-se que a qualidade existe, e muita, no plantel do Manchester United. Basta querer. Este sábado, sobretudo os mais novo quiseram. Tiveram mais velocidade, mais agressividade, mais vontade. E os red devils conseguiram a primeira goleada fora na Premier League (5-1), naquele que foi também o primeiro jogo a marcar três golos fora como forasteiro na primeira parte e o primeiro a marcar cinco golos contando com todas as competições, algo que já não acontecia há mais de 2.000 dias – que é como quem diz, desde a saída de Alex Ferguson… Mais: em nove partidas como visitante no Campeonato, a antiga equipa de José Mourinho tinha ganho apenas três (mais dois empates e quatro derrotas), a última no início de novembro frente ao Bournemouth e nos descontos (2-1).

Marcus Rashford, logo aos três minutos, inaugurou o marcador com um fantástico golo de livre direto, com Herrera a aumentar para 2-0 perto da meia hora também com um remate de meia distância que sofreu ainda um desvio num defesa contrário. Victor Camarasa, de grande penalida, ainda reduziu para 2-1 (38′) mas, na melhor jogada da partida com traços de tiki taka ao primeiro toque no último terço, Martial fez o 3-1 antes do intervalo (41′). No segundo tempo, mais uma vez de absoluto domínio do Manchester United, Lingaard sentenciou a goleada com um bis (57′ de penálti e 90′).

Com este resultado, os red devils subiram ao sexto lugar da classificação com 29 pontos, agora a oito do Chelsea, que ocupa o quarto e último lugar que dá acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões e que era o grande objetivo de José Mourinho após o início intermitente de temporada. Já o líder Liverpool tem agora quatro pontos de avanço do Manchester City.