A janela de transferências de janeiro abriu no primeiro dia do ano mas parece ter assumido nesta semana e na que passou um novo fôlego. Além da ida de Christian Pulisic para o Chelsea e da saída de Cesc Fàbregas do mesmo clube, o mercado parecia algo morno e só a contratação do jovem Brahim Díaz por parte do Real Madrid animou o futebol internacional. Dentro de portas, o FC Porto confirmou os rumores e fez regressar Pepe; o Benfica continua com os dossiês Ferreyra e Castillo nas mãos; e o Sporting garantiu Luiz Phellype e tenta agora resgatar Tiago Ilori ao Reading. Esta segunda-feira, porém, o mercado português e o mercado que envolve portugueses lá fora recebeu uma injeção de adrenalina.

A começar por Bruno Varela. Na semana passada, o Benfica anunciou o empréstimo do jovem guarda-redes formado no Seixal aos turcos do Kasimpasa. Depois de ter sido o titular da baliza encarnada durante grande parte da temporada anterior — num ano em que o Benfica perdeu Júlio César e onde Svilar foi aposta momentânea –, o internacional sub-21 caiu esta época para a posição de terceiro guarda-redes, atrás de Vlachodimos e de Svilar, e ainda não realizou qualquer jogo (o grego tem sido a primeira escolha para o Campeonato e para a Liga dos Campeões, o belga tem sido o substituto habitual nos compromissos das Taças). Esta segunda-feira, contudo, sabe-se que Bruno Varela chumbou nos testes médicos do Kasimpasa, devido a uma tendinite no ombro direito, e já regressou ao Seixal.

Ainda assim, o guarda-redes continua a pretender a saída do Benfica até ao fecho da presente janela de transferências. O empréstimo ou a venda de Bruno Varela permitirá a subida de Ivan Zlobin, titular da equipa B encarnada, à posição de terceiro guarda-redes da equipa principal. O russo de 21 anos é internacional pelas camadas jovens da seleção russa e conhece bem Bruno Lage, já que o treinador orientava os bês do Benfica até há duas semanas, o que poderá motivar uma aposta no jovem guarda-redes.

No Dragão, os holofotes voltam a estar apontados para Olivier Ntcham. O médio francês, atualmente no Celtic, já tinha estado no topo da lista de pretensões do FC Porto durante o verão mas acabou por ficar na Escócia, onde é um dos melhores médios do Campeonato. O clube mostrou-se intransigente durante o mercado de transferências de verão e deve apresentar a mesma postura agora — ainda que Ntcham esteja atualmente lesionado e tenha sido um dos jogadores mais criticados no rescaldo do último jogo, uma derrota frente ao Rangers, o principal rival do Celtic. Ainda assim, e de acordo com O Jogo, o francês de 22 anos encaixa na visão que Sérgio Conceição tem para o meio-campo portista e o FC Porto está disposto a esperar e admite até, em último caso, só ter o jogador na temporada 2019/20.

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O médio francês já tinha sido sondado pelos dragões durante o verão mas acabou por ficar na Escócia

No lado oposto, na porta de saída, o médio Bruno Costa vai ser cedido por empréstimo ao Marítimo e os defesas Chidozie e Mbemba, com ainda menos espaço depois da chegada de Pepe, também podem deixar o Dragão ainda em janeiro. O primeiro já não treina esta segunda-feira e deve ser confirmado no Trabzonspor até ao final do dia, onde vai jogar até ao final da temporada por empréstimo; já o segundo, que até foi titular frente ao Nacional, face ao castigo de Felipe, tem sido associado pela imprensa belga a um eventual regresso ao Anderlecht — sempre por empréstimo, devido aos elevados valores envolvidos numa eventual transferência.

No Sporting, a semana arranca com duas boas notícias e uma preocupação para os adeptos. Os leões asseguraram a renovação de Jérémy Mathieu até junho de 2020 e o central francês é considerado “inegociável” neste mês de janeiro, apesar do já conhecido interesse do Mónaco de Thierry Henry: de acordo com a edição desta segunda-feira do jornal A Bola, o contrato de Mathieu incluía várias cláusulas e prerrogativas que salvaguardavam o Sporting devido às lesões crónicas do francês, principalmente no tendão de Aquiles, que foram detetadas nos exames médicos realizados no verão de 2017, altura em que chegou a Alvalade. Na altura, os leões criaram uma cláusula que permitia interromper o contrato logo no fim da primeira temporada caso o jogador não realizasse um mínimo pré-fixado de jogos; por outro lado, caso Mathieu fizesse mais partidas do que esse número previamente estipulado, os representantes do central receberiam mais um milhão de euros — para lá dos quatro milhões de investimento inicial — e o contrato do francês seria automaticamente renovado por mais um ano.

Mathieu foi considerado o melhor jogador do Sporting no clássico com o FC Porto

Ora, em 2017/18, Mathieu fez 48 jogos com a camisola do Sporting e falhou seis por lesão. O jogador ultrapassou o mínimo de jogos previsto no contrato e, aos 35 anos, vê agora o contrato renovado até junho de 2020: numa altura em que é titular indiscutível no eixo da defesa, ao lado de Coates, joga sem parar desde que voltou de lesão em outubro e foi ainda considerado o melhor dos leões no clássico com o FC Porto, no passado sábado.

A segunda boa notícia para os sportinguistas surge com a praticamente confirmada contratação de Idrissa Doumbia. O médio costa-marfinense é um desejo de Marcel Keizer, que pretende blindar o meio-campo leonino e não encontra soluções em Petrovic. O acordo entre o Sporting e os russos do Akhmat Grozny já terá sido alcançado. De acordo com A Bola, Doumbia deve chegar a Lisboa na próxima semana e assinar contrato até junho de 2023: o jogador de 20 anos vai custar cerca de 2,5 milhões de euros aos cofres de Alvalade mas o valor pode chegar mesmo aos três milhões, caso Doumbia cumpra os objetivos previstos no contrato. O médio saiu da Costa do Marfim em 2016/17 para assinar pelo Anderlecht, onde cumpriu cinco jogos na equipa principal e se sagrou campeão belga, mesmo tendo ainda idade de júnior. Esteve emprestado ao Zulte Waregem, outro clube belga, até ser vendido ao Akhmat Grozny, por pouco mais do que um milhão de euros.

Ora, para contrabalançar o investimento feito na renovação de Mathieu e nas contratações de Luiz Phellype e Doumbia e desbloquear verbas para a chegada de mais reforços, o Sporting está aberto à saída de Marcos Acuña. O internacional argentino tem mercado e a SAD leonina está disposta a vender o jogador — mas nunca por menos de 10 milhões de euros. Acuña, médio que entretanto assumiu a função de lateral na equipa verde e branca, chegou a Alvalade no verão de 2017 por 9,5 milhões e os leões pretendem não perder dinheiro e, se possível, ainda garantir uma margem de lucro. O Mónaco e o Zenti são os principal interessados em Acuña e uma eventual venda do argentino iria permitir, por exemplo, a compra de Cristián Borja, lateral dos mexicanos do Torluca, por quem o Sporting já avançou com uma proposta de 2,5 milhões (muito aquém, contudo, dos 4 milhões pretendidos pelo clube do México). O número 9 verde e branco renovou contrato esta temporada, até 2023 e com uma cláusula de rescisão de 60 milhões, mas pode deixar Alvalade ainda antes do final do mês de janeiro.

Rúben Neves tem dado nas vistas no Wolverhampton e agrada a Pep Guardiola

Para lá do futebol português e de FC Porto, Benfica e Sporting, os jogadores portugueses estão a mexer com o mercado de transferências também noutros países da Europa. Rúben Neves, médio ex-FC Porto atualmente no Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, tem sido constantemente associado ao Manchester City de Pep Guardiola — principalmente depois do grande golo que marcou na passada segunda-feira e que atirou o Liverpool, atual líder da Premier League, para fora da Taça de Inglaterra. Guardiola, que esta segunda-feira até defronta o Wolverhampton (20h), já reparou em Rúben Neves mas considera demasiado alto o valor estimado do internacional português. “Li nas notícias que Rúben Neves custa 100 milhões de libras. Não vai acontecer. Não vamos pagar 100 milhões por um médio”, disse o técnico espanhol este domingo, na conferência de imprensa de antevisão do jogo com a equipa de Nuno Espírito Santo.

Em notícias novas de tempos mais antigos, Ramon Calderón, antigo presidente do Real Madrid, terá revelado o verdadeiro motivo da surpreendente saída de Zinedine Zidane do comando técnico dos merengues no passado verão. “O presidente [Florentino Pérez] fez exatamente o oposto do que o Zidane tinha pedido: segurar o Ronaldo e transferir o Bale, para além de outras contratações. Não teve os desejos satisfeitos e por isso decidiu sair. E tomou a decisão certa”, explicou Calderón em entrevista ao Bleacher Report. O antigo presidente do clube espanhol defendeu ainda que o grande problema do Real Madrid, atualmente, é a falta de liderança no balneário, já que Cristiano Ronaldo “era um líder”. “O mundo inteiro sabe o tipo de profissional que ele é. É um modelo para os seus companheiros. Compete em cada sessão de treino, em cada jogo. Foi isto que a equipa perdeu com a saída de Ronaldo. Não eram só os 50 golos por época que ele marcava, mas também a liderança. Ele ajudava os companheiros. Encorajava-os a jogar melhor, a treinar mais”, sublinhou Ramon Calderón.