Steve Bannon foi o diretor-executivo da campanha que levou Donald Trump à Casa Branca e, durante meses, foi o principal conselheiro do presidente dos EUA. Olavo de Carvalho, filósofo, é apontado como o estratega de Jair Bolsonaro, o auto-proclamado “parteiro da nova direita do Brasil”. Na última sexta-feira, Bannon recebeu Carvalho em sua casa para falar sobre o novo Governo no Brasil, sobre a China, o “movimento” europeu para as europeias e, claro, sobre a comunicação social, que “tenta criar intriga todos os dias”. O jornal brasileiro Estadão descreve os detalhes do encontro.

Olavo de Carvalho chegou à “Embaixada” por volta das 18 horas. Entrou na casa de Bannon acompanhado da sua entourage — de que faziam parte alguns alunos do professor de filosofia e, também, os seus filhos — um dia depois de ter conhecido pessoalmente um dos principais responsáveis pelo resultado de Trump nas eleições de novembro de 2016.

Durante o jantar, Bannon foi lançando os temas para a mesa, fez perguntas, ouviu as respostas com atenção. Depois de ter conhecido Eduardo Bolsonaro ainda durante a campanha que acabaria por eleger o atual presidente do Brasil, quer agora conhecer melhor um dos seus principais ideólogos — um rótulo que Olavo de Carvalho rejeita — e não esconde a admiração pela viragem política que Bolsonaro está a introduzir no país.

Governo com os “amigos” de Olavo

Um dos pontos de interesse de Bannon é “o tipo de Chicago”. Olavo diz que “o mercado ama Bolsonaro” e o norte-americano responde que o mercado financeiro até pode amar “o capitão Bolsonaro, mas eles amam mais a Escola de Chicago”. Até que ponto o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode bloquear a agenda liberal do presidente do Brasil? Olavo tem mão no “tipo de Chicago”? O filósofo acena com a cabeça — não tem influência naquele setor.

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Bannon está a lançar as bases de um movimento populista e nacionalista a nível mundial. Quando os convidados lhe repetem o slogan do executivo de Bolsonaro — “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” —, Bannon não esconde o seu agrado: “Eu amei isso, amei isso”, cita o Estadão.

Olavo pode rejeitar os rótulos que o colam ao pensamento do novo Governo de Brasília. Mas a sua influência junto do presidente do Brasil torna-se evidente para Bannon quando Gerald Brant (conselheiro de Bolsonaro e executivo do mercado financeiro em Nova Iorque) e os próprios filhos do filósofo falam sobre as nomeações para o executivo que conta com vários elementos do círculo de Olavo de Carvalho, “amigos” ou seguidores do pensamento do filósofo.

Os elogios e Orban e Salvini

Depois de deixar a Casa Branca, Bannon começou a lançar as bases de um “movimento” internacional que agregue os novos rostos da política populista e nacionalista.

No calendário do norte-americano há um período assinalado a vermelho: maio de 2019, mês em que a União Europeia vai a votos e o momento em que o Parlamento Europeu pode virar mais à direita.

No encontro com Olavo, refere o Estadão, Steve Bannon deixou elogios ao ministro do interior italiano, Matteo Salvini, e também ao primeiro-ministro da Hungia, Viktor Orban. Salvini e Orban são algumas das principais figuras com que Bannon deverá trabalhar nos próximos meses para garantir que as forças populistas ganham margem no Parlamento Europeu.

E, noutro ponto, as pontes entre Washington e Brasília voltaram a erguer-se: desta vez, para falar sobre a comunicação. Bannon tinha uma pergunta em mente: a cobertura negativa de que  Bolsonaro tem sido alvo, “é uma questão de ideologia ou é porque vende mais jornal?”