O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses alertou esta quarta-feira que sete enfermeiros foram diagnosticados com gripe A no Hospital Garcia de Orta, em Almada, devido à sobrelotação e à forma como os doentes são encaminhados, mas a administração do hospital desmente.

“Há, pelo menos, sete enfermeiros confirmados com gripe A. Deve-se à sobrelotação e à forma como os doentes estão a ser encaminhados na própria urgência e, em particular, nos serviços de internamento. Foi onde tivemos, não só casos de gripe A diagnosticados em duas enfermeiras, mas também uma utente com gripe A que esteve internada em corredor, ou seja, sem qualquer medida de proteção em termos de contágio”, disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Zoraima Cruz Prado.

Contudo, o presidente do conselho de administração do Garcia de Orta, Joaquim Ferro, afirmou esta quarta-feira que apenas “três enfermeiros” contraíram a doença, e que “só dois são do serviço da urgência”, os quais tiveram tratamento e isolamento em casa e já retomaram ao serviço.

É preciso sobretudo esclarecer a população de que este vírus, esta gripe que há uns anos estávamos um pouco alarmados, mas que hoje é um vírus perfeitamente normal, dominável e tratável pelos tratamentos correntes e que não apresenta qualquer espécie de perigo”, explicou.

Joaquim Ferro referiu também que a administração tem alertado os profissionais “para que se vacinem”, garantindo que os três enfermeiros contagiados “não estavam vacinados”.

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Além desta situação, o SEP advertiu que o hospital se encontra “sobrelotado”, mas que se mantém o número de profissionais em cada turno, levando à “exaustão” das equipas. “O número de enfermeiros não é suficiente. A lotação chega a ser de 65 utentes para quatro ou cinco enfermeiros”, avançou.

Zoraima Cruz Prado denunciou também uma situação de “ameaças” aos enfermeiros que, por motivos de doença, deixaram de trabalhar nas urgências.

São enfermeiros que trabalharam muitos anos na urgência e saíram a seu pedido, mas, face a este cenário de sobrelotação e necessidade de enfermeiros, estão a ser chamados a voltar, só que alguns não têm mesmo condições para o fazer e infelizmente estão a ser coagidos e ameaçados para voltar e isto é intolerável”, frisou.

Um dos motivos que tem levado ao aumento de doentes no hospital de Almada, na visão da dirigente sindical, é a greve do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal, no atendimento complementar aos fins de semana e feriados.

“A greve nos centros de saúde ocorre a um atendimento complementar que é uma espécie de urgência ao fim de semana, para que os utentes em vez de se deslocaram ao hospital, nos casos menos graves, possam deste logo ser diagnosticados e tratados no próprio centro de saúde. Ora, se está fechado, as pessoas estão doentes e têm que ir para o hospital. Isto agrava o recurso à urgência hospitalar”, explicou.

Os enfermeiros do ACES de Almada e Seixal encontram-se em greve desde 1 de dezembro, para que o atendimento complementar passe a ser considerado como horas extraordinárias e vão continuar a paralisação até que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo apresente uma proposta.

A Ordem dos Médicos também denunciou esta quarta-feira que a urgência pediátrica do hospital Garcia de Horta corre o risco de fechar durante o período noturno por falta de médicos, mas Zoraima Cruz Prado avançou que, do que tem conhecimento, o número de enfermeiros neste serviço “é suficiente e tem conseguido dar resposta”.

Urgência pediátrica do hospital Garcia de Orta corre o risco de fechar à noite