Os anúncios são isso mesmo: histórias que puxam pelas partes boas do produto que se quer vender, tentando minimizar os defeitos que eventualmente o artigo possa ter. A Toyota, no seu mais recente anúncio sobre o Corolla, fez isso tudo e um pouco mais. E é aqui que está a questão.

O novo Corolla parece ser um veículo cheio de potencial e recupera um nome com peso no mundo automóvel, o que se saúda. Porém, no vídeo, surge a reivindicar uma autonomia maior do que os restantes veículos que ultrapassa e, simultaneamente, uma superior velocidade máxima. Paralelamente, a Toyota faz questão de colocar no filme um veículo eléctrico parado, a recarregar a bateria para conseguir chegar ao seu destino. O que até faz sentido, pois é sabido que a maioria dos eléctricos tem pouca autonomia e tarda muito mais do que o desejado a carregar.

O fabricante japonês apostou, desde o início, tudo nos híbridos, argumentando que os eléctricos não teriam futuro, a menos que gerassem energia a bordo através de uma célula de combustível a hidrogénio, tecnologia em que a Toyota investe há muito, mas que ainda não conseguiu produzir ou vender em massa. Sucede que a tecnologia das baterias melhorou e os eléctricos alimentados pela energia armazenada num acumulador passaram a atingir cerca de 600 km (o Tesla Model 3 Long Range anuncia 560 km), o que levou todos os construtores a investir nesta solução menos poluente. Inclusivamente a Toyota, que apesar de estar anos atrasada face aos concorrentes, investe fortunas na esperança de diminuir a enorme desvantagem. Que sentido fará então um construtor, que se prepara para lançar uma gama de carros eléctricos, gozar com a principal característica negativa desta solução?

No mesmo anúncio, a Toyota que aponta uma das falhas dos automóveis eléctricos, não tem depois problemas em esgrimir um argumento que oscila entre uma meia verdade e uma mentirinha matreira. No fundo, um argumento de puro marketing. É que self charging são todos os híbridos, híbridos plug-in e eléctricos do mercado, dado que recarregam quando se desacelera ou trava. E a marca nipónica tem alguns destes híbridos que até recorrem ao motor a gasolina para gerar energia para alimentar a bateria, o que não é propriamente uma solução brilhante em matéria de eficácia.

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