Pela primeira vez, distinguiram-se restaurantes e chefs de todo o mundo no World Restaurant Awards, em Paris, na passada segunda-feira. Este evento foi criado por Joe Warwick e Andrea Petrini com a premissa de manter na ribalta os melhores e também valorizar os mais “humildes”, dando resposta à versatilidade de um público cada vez mais “obcecado por comida, bebida e viagens”. Os dois antigos membros do  The World’s 50 Best Restaurants – outra entidade que premeia os melhores restaurantes mundiais -,  muniram-se de 100 jurados, de 37 países, que elegeram o restaurante do ano, o melhor prato clássico, passando até pela melhor conta de Instagram ou o melhor chef sem tatuagens, entre outros. Restaurantes de 10 países, distribuídos por quatro continentes, foram distinguidos nas 18 categorias a concurso. A comitiva portuguesa — nunca houve tantos nomeados lusos para prémios de restauração — foi representada pelos cachorros do Gazela, o The Yeatman (ambos no Porto), a Cervejaria Ramiro, o Prado (ambos de Lisboa) e pelo projeto do The Presidential.

O restaurante Wolfgat, na África do Sul, foi o grande vencedor da noite. Especializado no que há de disponível na região costeira de Paternoster, a pouco mais de uma hora da Cidade do Cabo, venceu nas categorias de Restaurante do Ano e na de “Off-Map Destination”, destinado a restaurantes mais remotos. O júri justificou a escolha pelo “balanço perfeito entre criatividade e acessibilidade” e destacou ainda o facto do restaurante se centrar na confeção de produtos locais.

Kobus van der Merwe, o chef do restaurante Wolfgat, na África do Sul, que foi o grande vencedor dos World Restaurant Awards. Foto: AFP/Getty Images

Na categoria de restaurantes em que não é necessária uma reserva prévia, o Mocotó, no Brasil, foi distinguido. Localizado no norte de São Paulo, a restaurante mereceu destaque pela “humildade e acessibilidade”. Em França ficaram dois prémios de relevo. O Le Clarence, em Paris, foi galardoado com o prémio afeto à criatividade na cozinha e o La Mère Brazier, em Lyon, foi o vencedor na categoria dos restaurantes com mais de 50 anos — já tem quase o dobro, 98.

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Um festival de comida confecionada por refugiados também foi premiado. O prémio Evento do Ano foi para o Refugee Food Festival, no qual restaurantes de várias cidades europeias abrem as suas cozinhas a chefs refugiados, uma iniciativa com o apoio da Agência de Refugiados das Nações Unidas.

[Vídeo de apresentação do Wolfgat, o restaurante do chef Kobus van der Merwe que fica na África do Sul]

Houve também espaço a categorias inovadoras, como a do melhor chef sem tatuagens ou a melhor conta de Instagram do ano. Alain Ducasse, um chef francês foi o vencedor numa categoria que destacava os chefs que não usam os corpos como “telas” e Alain Passard – também francês – viu a sua conta de Instagram premiada pelas fotografias e vídeos que partilha.

Nenhum restaurante português foi premiado, mas seis receberam nomeações. Em Lisboa, o destaque vai para o restaurante Prado, que foi nomeado para duas categorias: melhores restaurantes que abriram entre setembro de 2017 e setembro de 2018 e, ainda, restaurantes que não utilizam pinças no momento do empratamento — uma forma sarcástica de valorizar o informalismo.  Também em Lisboa, a Cervejaria Ramiro estava nomeada na categoria de restaurantes com, pelo menos 50 anos e o restaurante Feitoria, na categoria de Trolley do Ano, pelo compromisso e alta qualidade do seu serviço à mesa (tem um carro de queijos, o famoso prato em que cabeças de carabineiro são prensadas ao lado do cliente, etc…). Já no que diz respeito ao Porto, houve três nomeados: o cachorro quente do Gazela estava nomeado na categoria de Especialidade da Casa, o The Yeatman pelos vinhos tintos e, por fim, o The Presidential, na categoria de Evento do Ano.