O Ministério das Finanças vai finalmente eleger uma nova administração para a Parvalorem, empresa pública que gere os ativos problemáticos do antigo Banco Português de Negócios (BPN). A gestão liderada por Francisco Nogueira Leite tinha terminado o mandato em dezembro de 2017, mas só agora é substituída.

Entre os nomes propostos para a nova administração está o de Susana Larisma que é atualmente chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix. Os dois dois nomes propostos são o de Sofia Torres para presidente e do Filipe de Sousa. As personalidades escolhidas foram confirmadas ao Observador por fonte oficial do Ministério das Finanças que acrescenta que receberam o parecer de adequado da Cresap, comissão de recrutamento do Estado.

Sofia Torres é administradora da Caixagest, mas antes foi diretora do IGCP (Agência de Gestão e Tesouraria da Dívida Pública). Foi aliás enquanto responsável do IGCP que surgiu associada ao tema dos swaps (produtos de gestão de risco financeiro) contratados pelas empresas públicas. Terá sido Sofia Torres a alertar a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, para o problema dos swaps vendidos pelo Banco Santander Totta, o único banco com quem o anterior Governo não chegou a acordo para desfazer antecipadamente estes contratos. No IGCP foi responsável pela área de gestão de dívida e liquidez e antes foi diretora de mercados financeiros da Caixa. A nova presidente da Parvalorem é licenciada em economia.

Já Susana Larisma tem sido chefe de gabinete de Mourinho Félix desde a sua ida para o Governo no final de 2015. É licenciada em direito e foi jurista do departamento de contencioso da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Será agora  nomeada para uma empresa que é tutelada diretamente pelo secretário de Estado Adjunto e das Finanças.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Filipe Sousa trabalhou no Novo Banco onde foi diretor do departamento de gestão imobiliária, sendo que a Parvalorem herdou uma importante carteira de imóveis dados como garantia de empréstimos que entraram em incumprimento no BPN. É licenciado em economia.

A próxima assembleia geral terá lugar no próximo dia 27 de abril e deverá deliberar sobre a designação dos órgãos sociais e a aprovação das conta de 2017 que não foram aprovadas pela tutela no ano passado. O Observador questionou as Finanças sobre as razões para esta demora, mas não obteve resposta.

A equipa presidida por Francisco Nogueira Leite, e que atualmente incluía ainda Bruno Raposo de Castro Henriques e
Maria Paula Poças Rodrigues, foi nomeada ainda pelo anterior Governo liderado por Passos Coelho.

A Parvalorem, que inclui a Participadas e a Parups, é herdeira dos ativos e passivos do BPN que ficaram na esfera pública. O grupo gera participações sociais que tem vindo a vender, imóveis e créditos em incumprimento cuja gestão e recuperação foi entregue a uma empresa privada.

Atualmente ainda é proprietário do Banco Efisa e chegou a deter a coleção de obras do pintor Juan Miró que foram executadas como penhora de um empréstimo a um cliente do BPN. Estas obras foram vendidas no ano passado ao Estado após uma tentativa polémica de venda em leilão na Christie’s, durante com o Executivo do PSD/CDS.

Obras de Miró do antigo BPN passam para o Estado ao valor de 54,4 milhões

As receitas geradas com venda e exploração dos ativos do grupo são canalizadas para reembolsar os financiamentos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos ao antigo BPN após a nacionalização. No entanto, os recursos gerados têm sido sempre insuficientes para pagar juros das obrigações vendidas à Caixa, o que obriga todos os anos o Estado a injetar mais fundos no grupo Parvalorem, com impacto negativo no défice.