O número de interrupções voluntárias da gravidez ficou, em 2017, ao nível mais baixo desde que esta prática foi legalizada em Portugal. Ao todo, nesse ano, foram registados 15 492 abortos no país, uma descida de 3% em relação ao ano anterior, e com a descida mais pronunciada a acontecer no escalão etário de mulheres entre os 15 e os 19 anos.

Os números são do Eurostat, o  Gabinete de Estatísticas da União Europeia, e são revelados pelo Jornal de Notícias (conteúdo apenas disponível na versão paga do jornal), dando conta da maior quebra nas interrupções voluntárias da gravidez desde 2007. Houve menos 1438 abortos entre as mulheres mais novas, sendo que 45% das IVG foram feitas por mulheres entre os 20 e os 29 anos. A maior subida aconteceu nas mulheres mais velhas, entre os 45 e os 49 anos, com mais 146% de abortos registados.

Outro dado adiantado pelo jornal é que 56% das interrupções da gravidez são feitas por mulheres que já tinham sido mães e que tinham mais de 30 anos na altura da intervenção. O Eurostat revela que 29% destas mulheres já tinha um filho e 21% já tinham dois filhos.

A IVG foi legalizada em Portugal depois de um referendo realizado em fevereiro de 2007, com 59,3% a responderem “sim” à pergunta que era feita no boletim de voto: “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” O “não” obteve 40,8% dos votos, num referendo que acabou por não ser vinculativo já que a taxa de abstenção ficou acima dos 50%: 56,4%. Tinha acontecido o mesmo em 1998, quando se realizou o primeiro referendo sobre o tema em que o “não” teve mais votos. Em 2007, a Assembleia da República acabou por seguir a expressão maioritária do referendo e aprovou a legalização do aborto.

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