Em 2016, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o nome de Simone Biles inundou a comunicação social brasileira, norte-americana e internacional e a ginasta tornou-se uma das atletas mais mediáticas e populares da mais recente edição dos Jogos. Afinal, quem era a miúda de 19 anos que estava a limpar as principais provas de ginástica artística? Biles saiu do Brasil com quatro medalhas de ouro e uma de bronze para juntar no armário às 14 que já tinha conquistado nos Mundiais e às seis que venceu já em 2018. Com um total de 25 medalhas olímpicas e mundiais, é a ginasta norte-americana mais bem sucedida de sempre e a terceira mais medalhada da História. Aos 19 anos, antevia-se uma carreira de sonho para Simone Biles. Três anos depois, aos 22, acabou de anunciar que tudo está prestes a terminar.

A ginasta foi a convidada desta quinta-feira do programa Sportswomen da Sky Sports e revelou que planeia terminar a carreira logo depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. “Planeio definitivamente que os Jogos de Tóquio sejam os últimos. Sinto que o meu corpo já passou por muita coisa e está a cair aos pedaços. Tenho dores durante grande parte do tempo”, explicou a ginasta, que no Rio de Janeiro se tornou a primeira mulher a conquistar quatro medalhas de ouro em ginástica desde que a romena Ecaterina Szabo o conseguiu em 1984. As declarações de Simone Biles à Sky Sports, embora relevantes por confirmarem que a norte-americana vai apenas participar em duas edições dos Jogos em toda a carreira, apenas confirmam o sofrimento diário que a ginasta já tinha confessado numa entrevista ao Daily Mail já este mês.

A resposta genial: “Não sou a nova Phelps ou a nova Bolt. Sou a primeira Simone Biles”

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“A dor é algo com que vivo e isso é um pouco estranho para a minha idade, certo? Parece estranho quando não tenho dores. Tenho tido alguma sorte com as lesões mas têm acontecido algumas coisas. Já rasguei um dos gémeos duas ou três vezes, parti uma costela em 2016 e tenho um dedo do pé que está destruído em cinco pedaços desde os últimos Jogos. Acho que é isso. Se andamos a saltar no ar o tempo todo, às vezes a gravidade diz que não”, explicou Simone Biles, deixando transparecer que não é uma lesão grave que coloca um fim antecipado na carreira, mas sim um conjunto de pequenas lesões. A ginasta acrescentou ainda que costuma dizer que vai “estar numa cadeira de rodas aos 30 anos” e que sente que o corpo “está a gritar e a berrar” para que pare de competir.

A ginasta foi um dos grandes destaques dos Jogos Olímpicos do Rio

Uma expressão já utilizada este ano por Lindsey Vonn, esquiadora norte-americana que deixou as pistas há escassas semanas devido às lesões. “O meu corpo está quebrado e sem recuperação possível e não me deixa ter a temporada final com que sonhei. O meu corpo está a gritar-me para parar e é tempo de eu ouvir”, escreveu Vonn numa longa publicação no Instagram, onde anunciou que iria terminar a carreira no final dos últimos Campeonatos do Mundo. Simone Biles é mesmo o terceiro caso já este ano de um atleta que decide parar de competir por não aguentar as dores e as consequências das lesões sofridas ao longo dos anos: além da ginasta e de Lindsey Vonn, também o tenista Andy Murray anunciou logo em janeiro que iria deixar os courts após o Open da Austrália porque “a dor é demasiada”. Ainda assim, Vonn tem 34 anos e Murray tem 31. Simone Biles tem apenas 22.

“A dor é demasiada”: em lágrimas, tenista britânico Andy Murray anuncia abandono da carreira este ano