O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, confirmou esta quarta-feira que havia uma ligação entre o grupo nacionalista Movimento Identitário da Áustria e o atacante que matou 50 pessoas num atentado terrorista numa mesquita em Christchurch, na Nova Zelândia, há duas semanas.

“Podemos confirmar que houve apoio financeiro, e portanto uma ligação, entre o atacante da Nova Zelândia e o Movimento Identitário da Áustria”, disse esta quarta-feira o chefe do Governo austríaco, em declarações à imprensa.

“No nosso ponto de vista, isto exige uma rápida exploração desta rede para garantir ou para aferir se houve um esquema por trás, no território austríaco, e para punir todos os que são culpados de alguma coisa. Além disso, é naturalmente possível um exame sobre a dissolução dos Identitários“, acrescentou.

Nesta segunda-feira já se tinha sabido que as autoridades austríacas estavam a investigar aquele movimento de extrema-direita, liderado pelo ativista nacionalista Martin Sellner, que revelou nas redes sociais que o seu apartamento fora revistado pela polícia.

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Em causa estava uma “doação desproporcionadamente alta” recebida pelo movimento, feita por uma pessoa de nome Tarrant — o atacante da Nova Zelândia foi um nacionalista chamado Brenton Tarrant, de 28 anos.

“Não sou membro de uma organização terrorista. Não tenho nada a ver com este homem além de ter passivamente recebido um donativo dele”, disse Martin Sellner, num vídeo que colocou no YouTube.

Depois desta revelação, o Governo austríaco confirmou a investigação em curso, detalhando que foi identificada uma transferência de 1.500 euros feita por Tarrant ao movimento nacionalista no âmbito de uma investigação a eventuais crimes financeiros alegadamente praticados por Sellner.

Sabe-se também que Brenton Tarrant, antes dos ataques, passou por países europeus — incluindo Portugal, onde visitou o Convento de Cristo — e a Áustria.

O Movimento Identitário da Áustria, que pode agora ser dissolvido por ordem do Governo austríaco, é um movimento de extrema-direita que diz pretender preservar a identidade europeia e utiliza estratégias agressivas nas redes sociais para divulgar as suas ações de rua.