Vista como uma outsider do sistema político da Eslováquia, Zuzana Caputova teve de se defender, várias vezes, dos ataques dos que viam nessa falta de experiência um problema para um Presidente do país. Essa, porém, pode ter sido a sua maior força. Este domingo, Caputova tornou-se a primeira mulher Presidente da Eslováquia, ao assegurar 58,4% dos votos.

Os números foram anunciados pela Comissão Eleitoral da Eslováquia, apurados todos os votos. O seu principal concorrente, Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia, não foi além dos 45,59%. O candidato apoiado pelo Smer SD — o partido que estava, até agora, no poder — não conseguiu, assim, inverter a tendência da primeira volta, ganha também pela candidata e com mais de o dobro dos votos do seu opositor.

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Talvez pensássemos que a política era apenas um sinal de fraqueza. Hoje vemos que é um sinal de força”, disse perante uma multidão de apoiantes, em Bratislava, no discurso de vitória.

A eleição história acontece depois da onda de protestos que encheram as ruas da Eslováquia no ano passado, na sequência da morte de Jan Kuciak and Martina Kusnirova, um jornalista de investigação e a sua noiva. Os homicídios foram atribuídos a um homem com ligações altos responsáveis políticos e o antigo presidente, do agora derrotado Smer SD, nunca conseguiu afastar as suspeições a ele dirigidas quanto a um envolvimento indireto no caso.

Advogada e ativista, Zuzana Caputova usou o combate à corrupção como bandeira de campanha, prometendo uma mudança total na gestão económica, política e social do país. Assumiu-se ainda como defensora dos direitos da comunidade LGBT e a favor da despenalização do aborto, tornando-se um alvo das franjas mais conservadoras.

É também uma ambientalista feroz e europeísta. Prometeu, aliás, tornar-se, “um aliado” forte, da União Europeia.