O número de casos de sarampo reportados até abril aumentou de 28.124 casos, em 2018 para 112.163 casos, nos primeiros meses deste ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que os dados ainda são preliminares, mas mostram um claro crescimento em 2019 — uma tendência que se tem mantido nos últimos dois anos.

Os dados finais de 2018 só serão conhecidos em julho de 2019 — e os de 2019, só em julho de 2020 —, mas a OMS aproveita os relatórios mensais para alertar que todas as regiões no mundo podem estar sujeitas a surtos da doença graças aos grupos de pessoas não vacinadas, como já aconteceu nos Estados Unidos, por exemplo. Finalizados estão os dados de 2017, que estimam a morte de 110.000 pessoas.

“O números de casos real — baseado nas estimativas globais — também será maior do que aqueles que são reportados. A OMS estima que menos de um em cada 10 casos é reportado globalmente, com variações por região”, lê-se no comunicado.

Resistência à vacinação entre as 10 maiores ameaças à saúde em 2019

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O sarampo é uma doença altamente contagiosa, mas que pode ser quase completamente evitável quando as pessoas recebem as duas doses recomendadas da vacina, diz a OMS. A vacinação continua a ser a forma mais eficaz de prevenir a doença, reforça a Direção-Geral da Saúde (DGS).Nos países desenvolvidos, com melhores cuidados de saúde, é mais fácil tratar os doentes, ainda assim um quarto dos casos sofre complicações que se podem manifestar como lesões cerebrais, cegueira ou perda de audição.

A OMS pretendia que a primeira dose da vacina chegasse a, pelo menos, 95% das pessoas para prevenir surtos da doença, mas a cobertura não tem ultrapassado os 85%. Em relação à segunda dose, a percentagem é ainda menor: apenas 67%. A baixa cobertura para a segunda dose justifica-se, em parte, com o facto de 25 países ainda não a incluírem nos planos nacionais de vacinação.

Casos de sarampo quase quintuplicaram em Portugal. Mais de metade foram em profissionais de saúde

Em Portugal, a vacina contra sarampo aparece combinada com as vacinas contra rubéola e contra a parotidite epidémica, assume o nome VASPR e é dada em duas doses. Recomenda-se a toma da primeira dose aos 12 meses e da segunda aos cinco anos, mas, segundo a DGS, não existe limite de idade para iniciar o esquema vacinal desta vacina — desde que nascidos depois de 1970 —, e não existe limite de idade para completar o esquema vacinal.

Neste momento estão ativos surtos de sarampo na Birmânia, Cazaquistão, Etiópia, Filipinas, Geórgia, Madagáscar, Quirguistão, República Democrática do Congo, Sudão, Tailândia e Ucrânia. A OMS prevê que estes surtos ainda vão aumentar o número de casos reportados, fazendo com que a diferença em relação ao ano anterior se torne ainda maior.