A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou esta sexta-feira o consumo de leite pasteurizado após a descoberta de fortes concentrações do vírus H5N1 (que causa a gripe aviária) no leite de vacas nos Estados Unidos.

Estudos estão ainda a ser feitos para procurar determinar durante quanto tempo o vírus pode sobreviver no leite, pelo que a OMS pede prudência. “Uma vez que os estudos estão a decorrer, é importante que as pessoas tenham práticas alimentares seguras, incluindo consumir apenas leite pasteurizado”, afirmou Wenqing Zhang, que dirige o Programa Global da Gripe na OMS, durante a conferência de imprensa semanal da organização.

Segundo a especialista, várias manadas de vacas estão a ser afetadas num cada vez maior número de estados norte-americanos, o que traduz “uma nova etapa na propagação do vírus aos mamíferos”.

As autoridades sanitárias do Estado do Texas, onde foi descoberto este mês o primeiro caso de transmissão do vírus entre vacas e humanos, afastaram qualquer risco para o circuito leiteiro comercial, uma vez que o leite dos animais doentes é obrigatoriamente destruído.

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A pasteurização — processo que consiste em esterilizar alimentos, no caso o leite, aquecendo-os a uma determinada temperatura e depois arrefecendo-os rapidamente — mata o vírus H5N1. O vulgar leite empacotado UHT que se vende nos supermercados é ultrapasteurizado.

As infeções humanas com o vírus H5N1 são raras e estão associadas à exposição a animais e ambientes contaminados.

Até ao momento não há provas de transmissão entre humanos, mas as autoridades de saúde temem que a elevada circulação do vírus possa facilitar uma mutação genética que permita ao vírus passar de uma pessoa para outra. Apesar dos receios, a OMS ressalva que o vírus detetado no Texas não revelou sinais de adaptação acrescida nos mamíferos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre o início de 2023 e 1 de abril de 2024 foram registados 889 casos humanos de gripe aviária em 23 países, incluindo 463 mortes, elevando a taxa de letalidade para 52%.

A gripe aviária apareceu pela primeira vez em 1996, mas desde 2020 o número de surtos em aves aumentou significativamente e um número crescente de espécies de mamíferos foi afetado.

Em março, vacas e cabras juntaram-se à lista surpreendendo os peritos, uma vez que estes animais não eram considerados sensíveis a este tipo de gripe.