Até à primeira semana deste mês de maio, o Barcelona era bicampeão espanhol, estava nas meias-finais da Liga dos Campeões e havia vencido o Liverpool por 3-0 na primeira mão e tinha um lugar reservado na final da Taça do Rei perante o Valencia. Afigurava-se uma temporada histórica para os catalães, que podiam acrescentar o segundo título interno à Liga espanhola e ainda sonhar com o troféu europeu. Menos de um mês depois, o Barcelona caiu com estrondo em Anfield depois de um remontada impressionante do Liverpool e perdeu este sábado a final da Taça do Rei perante o Valencia.

A equipa de Gonçalo Guedes começou a vencer ao minuto 21, graças a um golo de Kévin Gameiro, e aumentou a vantagem ainda antes do intervalo, por intermédio do ex-Benfica Rodrigo. Na segunda parte, nem mais um marco histórico de Lionel Messi chegou para evitar a derrota catalã: o argentino reduziu a desvantagem (73′) e tornou-se o primeiro jogador da história do futebol espanhol a marcar em seis finais da Taça do Rei. Guedes teve nos pés a oportunidade de matar a final, já no segundo minuto de descontos, mas falhou de forma quase inacreditável. A vitória, porém, não escapou ao Valencia, que vingou na Taça a eliminação nas meias-finais da Liga Europa aos pés do Arsenal.

A derrota do Barcelona agudiza uma crise que tem sido explorada pelos desportivos espanhóis e que coloca vários jogadores dos blaugrana na porta de saída. Depois da eliminação na Liga dos Campeões, o presidente Josep Maria Bartomeu garantiu que todas as decisões sobre a permanência de Ernesto Valverde seriam tomadas após a final da Taça: ora, apesar da revalidação do título espanhol, a verdade é que o Barcelona falhou dois dos três principais objetivos da época e acaba por ir de férias de verão com um sentimento agridoce. O treinador viveu mais uma noite para esquecer e tem a manutenção claramente ameaçada, principalmente num clube que raramente admite desaires desta magnitude. Algo que ficou claro, principalmente, com as declarações de Piqué no final do jogo deste sábado. “Não temos desculpas. Somos o Barcelona e estamos obrigados e ganhar tudo, principalmente contra o Valencia. Não nos preocupa o futuro do treinador, temos de fazer uma análise individual de cada um e daquilo que podemos melhorar”, explicou o central espanhol.

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O que sobra da segunda versão da hecatombe do Barcelona: os erros de Valverde, a culpa de Messi e o ambiente na viagem de regresso

O Valencia, por sua vez, coroa com a Taça do Rei uma temporada em que ficou à porta de uma final europeia e terminou o Campeonato no quarto lugar, garantindo a presença na Liga dos Campeões da próxima época. Voz absoluta de uma cidade, o conjunto de Gonçalo Guedes voltou a conquistar um título mais de dez anos depois: a última vez que o Valencia tinha levantando um troféu, precisamente a Taça do Rei, tinha sido em 2007/08. Esta geração valenciana, comandada pelo capitão Dani Parejo, abriu aquela que pode ser uma nova janela temporal na história do clube e parece aproximar-se do conjunto que no início do milénio foi campeão espanhol duas vezes, chegou a duas finais da Liga dos Campeões e ganhou uma Taça UEFA.