Os produtores da pesca do cerco defenderam que as capturas ibéricas da sardinha podem atingir quase 16.500 toneladas, acima da atual proposta de 10.799 toneladas anunciada pelo Governo.

Em comunicado, a Associação Nacional das Organizações dos Produtores da Pesca do Cerco (ANOP Cerco) indicou que, para que se verifique este cenário, a biomassa com mais de um ano tem que estar estimada em 200.000 toneladas.

De acordo com os produtores, este nível de capturas foi também já confirmado pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês).

“De acordo com o estudo publicado no passado dia 14 de maio pelo ICES, as capturas ibéricas de sardinha no ano de 2019 poderão chegar a 16.450 toneladas se a biomassa com mais de um ano for estimada em 200.000 toneladas”, lê-se no comunicado.

Em 08 de maio, fonte oficial do Ministério do Mar já tinha confirmado à Lusa que Portugal e Espanha propuseram para este ano um mínimo de 10.799 toneladas, a repartir pelos dois países, depois de a Comissão Europeia ter sugerido um limite de 10.300 toneladas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por outro lado, os produtores da pesca do cerco defendem que, no que se refere às regras de exploração avaliadas, as conclusões coincidem com o que já tinha sido defendido também pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“As conclusões salientam que as regras de exploração HCR5 e HCR6 atingem o objetivo do Plano de Gestão e Recuperação da Sardinha Ibérica e cumprem o critério de precaução do ICES”, sublinharam.

Segundo o estudo publicado pelo ICES, entre as regras analisadas, a HCR6, que associa a dimensão da biomassa de sardinha com mais de um ano às possibilidades anuais de captura, é a que representa melhor “o compromisso entre cumprir o objetivo de recuperação do Plano de Gestão e Recuperação da Sardinha Ibérica, o critério de precaução do ICES a longo prazo e a manutenção da atividade da pesca”.

A ANOP Cerco referiu ainda que os cruzeiros de primavera realizados em 2018 avaliaram a biomassa da sardinha com mais de um ano em 18.400 toneladas e que todos os cruzeiros que foram posteriormente realizados “apresentaram dados muito positivos em termos da evolução recente do ‘stock’ da sardinha”.

O Governo vai manter até 03 de junho a interdição de pesca da sardinha decidida em setembro, segundo um despacho publicado em Diário da República (DR) em 15 de maio.

De acordo com o diploma, de 03 de junho e até às 24:00 do dia 31 de julho, o limite de descargas de sardinha (Sardina pilchardus) capturada com a arte de cerco pela frota portuguesa é de cinco mil toneladas.

Estas cinco mil toneladas vão ser repartidas entre o grupo de embarcações cujos armadores ou proprietários são membros de organizações e produtores (OP) reconhecidas para a sardinha, correspondendo a cada um dos grupos, respetivamente, 4.925 toneladas e 75 toneladas.

Desde setembro de 2018 que os pescadores de Portugal e Espanha estão sem poder pescar sardinha para proteger o ‘stock’ e na sequência da recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar para 2019, com o acordo da Comissão Europeia.