Tudo começou no final de setembro de 2018. Num cenário que até determinada altura se julgou sempre impensável, o Clube de Futebol Os Belenenses fazia a estreia na Série 2 da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Lisboa com 2.000 pessoas na central de um Estádio do Restelo bem composto para aquele que não seria apenas mais um jogo de futebol. Nesse mesmo dia, em Braga, o Belenenses SAD fazia o seu oitavo encontro oficial da temporada entre Primeira Liga e Taça da Liga mas essa ficava como uma realidade completamente diferente depois do divórcio entre clube e SAD. Começava uma nova era.

Nessa partida com o Clube Desportivo Olivais e Moscavide – Parque das Nações (clube fundado apenas em 2016, diferente do Desportivo Olivais e Moscavide que chegou a estar na Segunda Liga), o Belenenses comandado por Nuno Oliveira venceu por 4-0 com hat-trick de Ricardo Aires e mais um golo de Evandro Barros. Seguiram-se mais 11 vitórias seguidas entre Campeonato e Distritais, algumas com goleadas expressivas (7-0 com o Carcavelos, 10-1 com o Malveira da Serra ou 9-0 com o Talaíde) até a um histórico nulo na Amadora, com o Estrela, que teve mais de 5.000 espetadores nas bancadas.

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5.000 pessoas para compensar a falta de golos: os reencontros e as caras conhecidas do Estrela-Belenenses

Parecia uma questão de tempo até o Belenenses confirmar a subida de divisão e foi mesmo, apesar de um deslize em março para a Taça (derrota no Restelo com o Coutada por 2-0) e de um desaire, o único no Campeonato, na deslocação à Associação da Torre (1-0): em abril, no seguimento de uma goleada por 7-0 em Tires frente ao Talaíde, os azuis confirmaram a promoção à Divisão de Honra, o segundo escalão dos Distritais de Lisboa e quinto em termos nacionais. Na antepenúltima jornada, a equipa de Nuno Oliveira sofreu a segunda derrota com o Porto Salvo (2-1), fechando a Série 2 da 1.ª Divisão com mais uma goleada no Estádio do Restelo frente à Fundação Salesiana por 9-1. Faltava um último objetivo.

O Belenenses fechou a Série 2 com 82 pontos em 90 possíveis e um impressionante registo goleador de 143 golos marcados e apenas 17 consentidos mas teria ainda um adversário cotado na luta pelo título, o Bocal de Mafra, que terminou a Série 1 com 81 pontos e 108 golos marcados em 30 jogos numa prova onde teve o Alverca B, o Povoense e o Sintrense como principais adversários. Todos os caminhos este sábado iam dar ao Estádio 1.º de Maio, em Lisboa, que voltou a receber um mar azul de adeptos do Restelo como tantos outros recintos esta época quase como se de um jogo da Primeira Liga se tratasse.

Num encontro equilibrado e com resultado incerto, foi o Bocal a inaugurar o marcador logo aos seis minutos antes de João Santos empatar, resultado que se registava ao intervalo. Na segunda metade, o conjunto de Mafra voltou a adiantar-se no marcador e aguentou o 2-1 até muito perto do apito final do tempo regulamentar, quando Tomás Castro fez o 2-2 e levou o encontro para prolongamento onde Afonso Alcario estabeleceu o 3-2 final que deu o título ao conjunto do Restelo.