Há 54 anos, Karl Lagerfeld chegava à Fendi. Em mais de meio século de direção criativa, o designer, que morreu em fevereiro deste ano, com 85 anos, deixou marcas indeléveis naquela que é uma das casas responsáveis por manter viva a tradição da alta sartoria italiana. Cinco meses após o seu desaparecimento, Silvia Venturini Fendi, neta dos fundadores e atual chefe criativa da marca, decidiu usar a apresentação da coleção alta-costura para homenagear o mestre. Na noite da passada quinta-feira, com uma passerelle montada sob as estrelas, o desfile aconteceu com o Coliseu de Roma como pano de fundo.

Quem assistiu ao desfile teve, durante breves instantes, uma das vistas mais privilegiadas de sempre. A partir do topo do Templo de Vénus e Roma, a fachada iluminada do Coliseu serviu de cenário aos 54 coordenados da coleção (um por cada ano de Lagerfeld na Fendi). Um sonho há muito na gaveta, segundo admitiu Silvia, mas que a morte do criador tornou inadiável. “Dissemos que o plano tinha de ir para a frente, que tínhamos de fazê-lo e que o desfile tinha de ser dedicado a ele”, afirmou, citada pelo WWD.

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Embora a primeira fila tenha contado com convidados de peso, entre eles Catherine Zeta-Jones, Susan Sarandon, Zendaya, Chiara Ferragni e Winnie Harlow, o objetivo do espetáculo foi prestar tributo ao designer a uma escala bem mais íntima. O desfile foi-lhe dedicado pela sua própria equipa. “Somos os mesmos, do cenário, da música, somos a mesma equipa. Acho que é uma boa maneira de mostrarmos que somos uma boa equipa, que somos muito próximos e que aprendemos imenso com ele”, continuou a atual diretora criativa, que nos últimos anos coassinou as coleções da marca.

Quanto à coleção de alta-costura, a criadora confessou ter partido de um livro de arte, design e literatura, oferecido por Karl na última vez que estiveram juntos. Roma, como não podia deixar de ser, foi o ponto de partida. “A cidade foi fundada nesta colina”, exclamou Venturini Fendi à revista Vogue, evocando Rómulo, o homem a “assentar a primeira pedra” da cidade. O mármore do chão romano foi replicado sobre organzas, enquanto os motivos florais, os bordados e as colagens demonstraram, uma vez mais, a mestria dos artesãos da Fendi. As peles continuam a ser uma imagem de marca, bem como o alvo da criatividade mais engenhosa que há dentro da casa. Entre encaixes e tingimentos, atravessaram todo o desfile. Segundo a WWD, cerca de um terço da coleção é fur-free, uma fatia que fica àquem, numa indústria que tem substituído a matéria-prima natural por pelo sintético. Ainda assim, a Fendi, fundada em 1925 como especialista no comércio de peles e couros, tem um longo caminho pela frente.

Na fotogaleria, veja as imagens do desfile da Fendi, junto ao Coliseu de Roma.

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