Não abundam os equilibristas capazes de acelerar, travar e curvar durante os quase dois quilómetros da rampa de Goodwood, em apenas duas rodas num desportivo como o Jaguar F-Type, com 550 cv, devidamente preparado para o efeito. No mínimo, com um autoblocante com uma percentagem de deslizamento muito superior, pneus com uma pressão brutal para suportar o peso do carro e impedir que a jante entre em contacto como o asfalto e um motor cujo sistema de lubrificação não dependa de ver o óleo cair por gravidade no cárter durante longos segundos.

Além das alterações técnicas, é ainda necessário ter ao volante alguém como Terry Grant, com uma noção de equilíbrio muito apurada, pois se há muitos condutores que conseguem rodar em recta em apenas duas rodas – alguns até o fazem sem querer… –, já descrever as curvas da rampa inglesa do Festival de Velocidade na zona mais estreita é, decididamente, uma tarefa ao alcance de muito poucos.

Aos comandos de um F-Type com 550 cv, animado por um V8 com compressor volumétrico, Grant foi evoluindo rampa acima, mantendo o Jaguar sempre a milímetros de tombar. E tudo correu bem, até que um fumo estranho começou a sair da traseira do F-Type.

Tendo em conta que, ao longo da rampa, a roda da frente esquerda, aquela que estava no ar, não mexia, tornou-se óbvio que o Jaguar tinha apenas tracção atrás. A explicação mais provável para a origem do fumo é muito provavelmente o facto de o diferencial não ter suportado o esforço, tanto mais que juntamente com o fumo é audível um ruído muito estranho, que parece relacionado com a velocidade e não o regime do motor.

Seja qual for o problema, a verdade é que Grant levou o Jaguar até ao topo da rampa, sempre em duas rodas e nem o fumo (ou um barulho assustador) lhe baralhou o equilíbrio. Quanto à conta para reparar o F-Type, isso é outra conversa…

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