Na batalha para ver quem conseguia produzir um eléctrico, a Jaguar bateu folgadamente os rivais alemães. Não só a marca britânica apareceu primeiro com um modelo eléctrico concebido de raiz, ou seja, com plataforma específica, como o seu crossover a bateria surgiu com uma série de bons argumentos para impressionar dentro e fora de estrada.

Para ser rápido a introduzir o I-Pace, o construtor viu-se obrigado a escolher um parceiro que fosse capaz de acelerar todo o processo, tendo recorrido aos austríacos da Magna Steyr para assegurar a produção do seu veículo eléctrico. A Magna não é desconhecida pelos principais players da indústria automóvel, uma vez que é ela que fabrica os BMW Z4 e, por tabela, também o Toyota Supra, sobre o mesmo chassi e (algumas) mecânicas.

O facto de recorrer a uma empresa externa para produzir o seu I-Pace levou a Jaguar a cortar no investimento inicial, mas a ter de lidar com custos unitários mais elevados, sendo esta uma das explicações para o CEO da Jaguar Land Rover (JLR), Thierry Bolloré, não estar interessado em continuar o projecto com a Magna, para além do período que foi originalmente contratado. E foi esta a mensagem passada para o exterior pelo responsável do grupo britânico, durante uma entrevista à Autocar em que anunciou o fim da linha para este crossover a bateria.

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A Jaguar e a Land Rover têm entre mãos um projecto ambicioso, que visa passar as duas marcas a 100% eléctricas, com o primeiro modelo a ser concebido já sobre a nova plataforma específica da JLR e produzido pelo próprio grupo, para maximizar a eficiência financeira. A Jaguar e a Land Rover vão começar a produzir exclusivamente veículos eléctricos a partir de 2026, com o primeiro modelo a bateria a surgir em 2024, para iniciar as entregas a clientes no ano seguinte. Será um Range Rover, a que se seguirão outros SUV, todos eles suportados pela plataforma ELR.

Já os primeiros Jaguar eléctricos vão recorrer a uma segunda plataforma, a JEA, que inicialmente vai servir de base a três novos modelos. Todos eles concebidos pela marca do felino, graças aos ensinamentos recolhidos pelo I-Pace, e todos eles a produzir em fábricas da marca britânica, pois é preferível um maior investimento inicial do que pagar a uma empresa externa uma quantia muito superior por cada modelo fabricado. Isto numa perspectiva a médio/longo prazo.

Em sintonia com Thierry Bolloré, o CEO da Jaguar, Adrian Mardell, admite que não decidiu ainda quando é que o actual I-Pace vai ser descontinuado, mas promete desde já que não vão passar muitos meses com o crossover fora do mercado, para não perder os clientes deste produto da Jaguar. Mardell está convencido que, até um período de 9 a 12 meses, é possível que a imagem do I-Pace sobreviva sem estar no mercado, surgindo depois uma nova geração, com mais autonomia e maior eficiência energética do que o crossover fabricado pela Magna.