Depois de uma temporada para além das expectativas, o Manchester United precisa quase obrigatoriamente de voltar à discussão da Premier League e das restantes provas internas, já sem falar das competições europeias, na próxima época.

Os red devils, que atravessam um período de indecisão interna, ainda presos no encerrar do projeto que falhou e culminou com o despedimento de José Mourinho e na dificuldade em encontrar um novo rumo, decidiram manter Solskjaer no comando técnico, apostaram em reforçar a defesa (45 milhões de libras gastos na contratação de Wan-Bissaka e cerca de 80 preparados para Harry Maguire), perderam Ander Herrera e ainda não sabem se contam com Pogba e Lukaku para o próximo ano. Vivem-se dias de incerteza em Old Trafford — ainda assim, a pré-época tem sido produtiva, o United ainda só sofreu um golo e os jogadores da formação têm estado em destaque.

Nos quatro jogos que o clube inglês já disputou desde o recomeçar dos trabalhos, todos os golos foram marcados ou tiveram assistência de jogadores formados no Manchester United: Rashford inaugurou o marcador contra o Perth Glory e James Garner aumentou a vantagem; Mason Greenwood fez o primeiro frente ao Leeds de Bielsa, Rashford marcou o segundo, Andreas Pereira assistiu para o terceiro (apontado por Phil Jones) e Tahith Chong fez o quarto; Greenwood fez o único golo da vitória por margem mínima perante o Inter Milão; Pereira voltou a assistir, desta vez Martial, contra o Tottenham, e Angel Gomes marcou o golo da vitória contra os spurs depois de Lucas Moura abanar as redes dos red devils pela primeira nesta pré-temporada.

Ora, o apelido do último jogador a marcar pelo Manchester United chama a atenção por ser aparentemente português. E não é engano. Angel Gomes — que, no documento de identificação, é Adilson Angel Abreu de Almeida Gomes — nasceu em Inglaterra em 2000, ainda tem 18 anos e tem dupla nacionalidade, inglesa e portuguesa.

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O jovem médio, produto da formação do United, esteve presente em 15 jogos dos sub-23 do clube na temporada passada (marcou cinco golos) e foi promovido por Solskjaer à equipa principal ainda na reta final da época, tendo ainda entrado em duas partidas.

Na preparação do próximo ano, o treinador norueguês chamou vários jogadores das camadas jovens e incluiu nesse grupo Angel Gomes, que tem impressionado, que se estreou a marcar na equipa principal e que esta sexta-feira é descrito pelo espanhol As como “o homem chamado a devolver a glória a Old Trafford”. Angel, diga-se, está intrinsecamente ligado à glória: mas à portuguesa.

Angel Gomes é filho de Gil Gomes, antigo avançado do Benfica, da Ovarense, do Sp. Braga e do Estrela da Amadora que terminou a carreira em 2006 depois de passagens pouco felizes por vários clubes ingleses (Sheffield Wednesday, Welwitchia, Hendon, Middlewich Town, Salford City, Hyde FC e East Manchester). Mais do que isso, Gil fez parte da Seleção Nacional Sub-20 que se sagrou campeã do mundo no Jamor, em 1991, e da equipa Sub-16 que foi campeã da Europa dois anos antes, em 1989, na Dinamarca.

Produto da geração de Rui Costa, de Luís Figo e de João Vieira Pinto, Gil acabou por não ter na carreira profissional e de clubes o sucesso que teve nas camadas jovens da seleção portuguesa — o seu legado, porém, é agora composto por Angel Gomes, que também é primo de Nani e ganha cada vez mais força como um dos próximos grandes nomes a ter em conta no futuro do Manchester United e do futebol internacional.

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