O Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) mantém o pré-aviso de greve às horas extraordinárias em dias úteis, feriados e fins de semana entre os dias 7 e 22 de setembro. Em declarações aos jornalistas, Francisco São Bento disse que o sindicato “não abre mão dos pressupostos”. Entre as reivindicações estão o subsídio de operações fixado em 175 euros e o pagamento de todas as horas extraordinárias.

O sindicalista desafiou ainda a ANTRAM a contactar o SNMMP para a retoma das negociações. “Temos mostrado abertura para se avançar para o diálogo. Aguardamos que da parte da ANTRAM haja também um pouco de consciência e mostrem força de vontade”, disse. E rematou: “Se não tivermos esse contacto [da ANTRAM] teremos greve a começar no dia 7”.

Sobre a candidatura de Pedro Pardal Henriques, o assessor jurídico do sindicato, às eleições legislativas pelo PDR, São Bento garantiu que o SNMMP não fica fragilizado até porque “é bom para a classe trabalhadora ter voz ativa”. “O sindicato continua a contar com o apoio de Pedro Pardal Henriques a 100%, não como porta voz, mas como assessor jurídico”, disse, apontando que a associação sindical achou “por bem” que o advogado deixasse de representar os trabalhadores perante os jornalistas.

Mediador do sindicato considera que partes estão mais próximas

Esta quarta-feira, o mediador do SNMMP, Bruno Fialho, considerou que as partes do conflito laboral “cada vez se estão a aproximar mais” e garantiu que não vai substituir Pardal Henriques como porta-voz. Numa primeira reação, à RTP3, Francisco São Bento defendeu que o sindicato tem feito, nas últimas semanas, “vários esforços para conseguir uma aproximação”. “Dia-a-dia, passo a passo, as coisas vão melhorando.” E garantiu: “serão feitos todos os esforços para que se realize a mediação”.

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O responsável chegou a admitir retirar o pré-aviso de greve “se estiverem reunidas as condições”. Ainda assim referiu que o sindicato não teve, depois de apresentado o pré-aviso de greve, contacto “nem com o Governo nem com a ANTRAM”. Sobre os serviços mínimos — que não estão previstos no pré-aviso entregue — São Bento sublinhou que, caso sejam decretados pelo Governo serão cumpridos. E voltou a apontar o dedo às empresas que “assentam neste trabalho extraordinário que os motoristas fazem diariamente”. “Vamos diligenciar para corrigir isso, para que não haja uma carga horária tão grande, mesmo que tenha de passar por mais contratações das empresas.”

Já Bruno Fialho, questionado sobre se depois das declarações de terça-feira à noite de Pedro Pardal Henriques (ex-porta-voz do SNMMP), André Matias de Almeida (representante da Antram – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias) e do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, a ideia de concórdia faria sentido, o responsável afirmou apenas que “foram reações”.

“As reações humanas a uma situação são sempre diferentes daquilo que depois, com calma, conseguimos fazer. Portanto, considero que hoje, outro dia, com calma, e amanhã, depois de amanhã, para a semana que vem, vamos conseguir, com certeza absoluta, encontrar uma plataforma de entendimento”, referiu aos jornalistas.

Pardal Henriques anunciou na quarta-feira que aceitou o convite para encabeçar a lista do PDR pelo círculo de Lisboa às eleições legislativas de outubro, deixando de ser porta-voz do SNMMP para “não misturar o que poderia ser interpretado como campanha eleitoral”.

Depois de o líder do PDR, Marinho e Pinto, ter feito o anúncio no Porto, Pardal Henriques confirmou, em comunicado, que aceitou o convite para integrar as listas do PDR, assegurando que não abandonará as causas que representa.

“Face ao exposto, e para que pelo menos a minha agenda fique esclarecida (faltando esclarecer a do porta-voz da Antram e das suas nomeações pelo PS), venho por este comunicar que a partir deste momento não serei mais o porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas, por forma a não misturar o que poderia ser interpretado como campanha eleitoral”, refere o mesmo texto.

Os motoristas de matérias perigosas vão voltar à greve entre os dias 07 e 22 de setembro, mas desta vez só aos fins de semana e trabalho extraordinário, anunciou hoje o sindicato.

De acordo o presidente do SNMMP, Francisco São Bento, já foi entregue o pré-aviso de greve.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou o Governo a adotar medidas excecionais para assegurar o abastecimento de combustível, terminou no domingo, ao fim de sete dias de protesto, depois de o SNMMP, que se mantinha isolado na paralisação desde quinta-feira à noite, a ter desconvocado.

O Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias desvinculou-se da greve ao quarto dia, na quinta-feira à noite, e vai regressar às negociações com o patronato em 12 de setembro.