No debate sobre o programa de Governo que começou esta quarta-feira na Assembleia da República e que se prolonga até ao dia de amanhã, Rui Rio criticou a “promoção” de João Galamba, secretário de Estado da Energia, que sobe na hierarquia do Governo. “Todos vimos as notícias sobre a exploração de lítio no Norte de Portugal e a concessão a uma empresa que tinha três dias, e que tinha sede numa freguesia do PS, constituída com 50 mil euros para um negócio de 350 milhões de euros, e concessionou sem estudo de impacto ambiental. A minha questão em relação a esta promoção de João Galamba é se está em condições de dizer a esta câmara e ao país que, no plano legal político e ético, o secretário de Estado agiu bem? Sem qualquer mácula?”, questionou o líder do PSD, na sua estreia no Parlamento nesta legislatura, dirigindo-se diretamente ao primeiro-ministro.
A resposta não tardou: António Costa retorquiu de forma dura, dizendo a Rio para que, nesta sua passagem pela Assembleia da República, não transforme o Parlamento num palco para “julgamentos de tabacaria”, numa alusão a um termo muitas vezes usado pelo líder do PSD.
O caso que está em causa foi revelado pela RTP no programa “Sexta Às Nove”, da jornalista Sandra Felgueiras, na primeira emissão do programa após as eleições legislativas de 6 de outubro. O programa não foi para o ar durante a campanha das legislativas.
As respostas ao líder social-democrata não se ficaram por aqui e vieram de fora das paredes de São Bento, ainda durante a primeira parte do debate. Mais concretamente do canal público, que através de um comunicado, emitido pela direção da Informação da RTP “esclarece, mais uma vez, que a investigação emitida no dia 11 de Outubro sobre o lítio apenas ficou em condições de ir para o ar horas antes da sua transmissão”, tentando assim responder a quem insinua que a suspensão do programa Sexta às Nove tinha como objetivo a emissão da reportagem em pleno período eleitoral.
“A investigação, evocada pelo líder do PSD na discussão do Programa de Governo, não estava concluída durante a campanha eleitoral. A informação da RTP não guarda notícias na gaveta em caso algum. A Direção de Informação da RTPTV jamais tolerará ser utilizada como arma de arremesso político-partidário seja por quem for“, diz ainda o comunicado assinado por toda a Direção de Informação do canal.