O Ministério Público (MP) está a investigar o caso do bebé que foi encontrado esta terça-feira num caixote do lixo junto à discoteca Lux Frágil, na avenida Infante D. Henrique, em Lisboa, confirmou o gabinete de imprensa ao Observador. O inquérito está a decorrer no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, acrescenta o MP. Depois das autoridades terem sido avançadas, o INEM divulgou na sua conta oficial de Instagram a primeira imagem do recém-nascido com a mensagem “Bem-vindo puto!”, seguida dos hastags “#bebe”recemnascido#amor#boaenergia#vaicorrerbem#vaiserfeliz#behappy#boasorte#bemvindo#saude#vidasalva#missaocumprida” .

Na imagem vê-se uma grande confusão panos e lençóis e o pequeno bebé no meio, com meia cara (do nariz para cima) tapada e a mão de fora, que está a ser agarrada pelas mãos dos paramédicos.

O recém-nascido está “clinicamente bem e estável”, confirmou ao Observador fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central. A criança está em observação e continuará nos cuidados intensivos do Hospital Dona Estefânia. O Observador sabe que a criança foi encontrada num estado de hipotermia grave e que não sobreviveria muito mais tempo caso não fosse encontrado naquele momento. No entanto, não apresenta quaisquer outros problemas de saúde, disse uma fonte do Observador que preferiu manter o anonimato. Foi “uma sorte” ter sobrevivido durante aquelas horas, mesmo sem ter sido levado para uma incubadora após o nascimento.

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O bebé, do sexo masculino, foi levado “em fragilidade”, mas “com vida” e em estado crítico para o hospital no final da tarde de terça-feira, confirmou o Observador junto de fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP). Tinha sido encontrado junto a uma discoteca no centro de Lisboa. Como ainda possuía parte do cordão umbilical, as autoridades acreditam que o parto tinha ocorrido recentemente.

Segundo as autoridades, o bebé terá sido abandonado de manhã, mas o alerta às autoridades foi dado ao fim da tarde por um sem-abrigo que frequentava aquela área. Foi nessa altura que foram acionados para o local os meios urgentes de socorro.

Segundo o comissário André Serra da PSP, que está a investigar o caso em parceria com a Polícia Judiciária, a criança estava nua, “sem qualquer tipo de proteção, de roupa ou agasalho”: “Um cidadão estava a passar e ouviu barulhos dentro de um caixote do lixo e encontrou um bebé”, descreveu o agente, confirmando que o homem “aparenta ser um sem-abrigo”.

A PSP suspeita agora do crime de exposição ao abandono do menor. Só a investigação dirá se este é um caso de infanticídio tentado: “Apenas temos a confirmação de que o bebé estava no caixote do lixo. Não podemos especular. Há vários crimes que poderão ter sido cometidos. Poderá estar aqui uma situação de possível infanticídio, se fosse essa a intenção dos pais ou então foi abandono. Depende da motivação do abandono do bebé”, esclarece.

Quando a situação clínica do bebé permitir, a criança vai ser levada para uma instituição, avançou a PSP.

Em declarações ao Correio da Manhã, o homem que terá encontrado a criança conta que passou pelo local entre as 18h30 e as 18h40. “Ouvi um bebé a chorar, mas segui em frente. Depois é que voltei para trás e dei a volta aos caixotes de lixo. Comecei aos gritos: ‘É uma criança! É uma criança!’“.

Os gritos do homem chamaram a atenção do proprietário da discoteca Lux e de um casal que passava ali perto, que o ajudaram a retirar o bebé do caixote do lixo e levaram a criança para o interior do espaço enquanto se esperava pelo INEM: “Quando espreitei para o caixote vi o pé de uma criança. Parti a abertura do caixote e entrei lá dentro para retirar o bebé. Estava roxo e com frio”, descreveu. Segundo ele, os médicos do INEM afirmaram que o bebé devia ter cinco a seis horas de vida.

O homem diz-se “contente” por ter salvo a criança, mas “um pouco traumatizado”: “Nem um animal se põe no lixo, quanto mais um ser humano. Tenho um filho de 16 anos e é uma coisa que nunca mais vou esquecer”, desabafou.