A Peugeot nunca ousou pensar construir um superdesportivo capaz de se bater com os Lamborghini, Ferrari e afins, um modelo espartano, com um chassi baixo e largo para ser super eficaz, animado por um motor potente que facilmente possa atingir 750 cv. E isto porque, por muito que pretenda melhorar a sua imagem, estes dois reputados fabricantes italianos não são de todo os concorrentes naturais da marca do leão. Mas eis que surgiu uma oportunidade, impulsionada pela competição.

O fabricante francês decidiu que o futuro passava por participar no Campeonato do Mundo de Resistência (WEC), corridas disputadas em pista com durações entre 6 e 24 horas, como as míticas 24 Horas de Le Mans. Segundo a nova regulamentação, que irá ser implementada a partir de 2022, os fabricantes que desejem participar na competição têm de se apresentar à partida com um modelo derivado de um veículo de produção definido como hiperdesportivo, ou seja, um concorrente dos melhores Lamborghini e Ferrari.

É claro que a versão de série destes modelos, homologados para circular em estrada, vai ser mais discreta do que os utilizados em competição, com asas menos exuberantes à frente e atrás, entradas e saídas de ar menos agressivas, entre outros “miminhos”. Mas a base do chassi e o aspecto da carroçaria tem de ser o mesmo, ou próximo disso.

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O objectivo da Federação Internacional do Automóvel é atrair mais fabricantes, para incrementar o espectáculo. Um pouco à laia do que acontecia há largas dezenas de anos, quando a Ferrari, Jaguar e Ford se batiam em Le Mans com modelos como o Ferrari 330 P3 e o Ford GT40, como bem documenta o filme Le Mans 66: O Duelo, que retoma os acontecimentos de 1966 e que agora chegou às salas de cinema.

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Ao contrário do que acontece agora com os protótipos, que custam fortunas e de que as marcas apenas necessitam de produzir meia dúzia de unidades (as que vão utilizar durante a época), os novos hiperdesportivos vão ser mais simples e mais baratos do que os actuais protótipos. Mas vão igualmente ter de ser produzidos num mínimo de 100 unidades, que os construtores vão ter de comercializar – o que significa que o mercado vai ser inundado de desportivos de fazer crescer água na boca de quem gosta de emoções fortes.

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Os motores destas novas “bombas”, que começaremos a ver em 2021, para estarem prontos a correr no ano seguinte, vão ser híbridos, com uma componente mecânica a gasolina e outra eléctrica, alimentada por baterias. A ideia passa por ter modelos que possam atingir 750 cv, com um peso de apenas 1.100 kg, pelo que o sucesso das corridas de endurance parece estar assegurado, assim mais construtores se associem ao WEC, agora que os custos foram grandemente reduzidos.

Entre todos os que já manifestaram interesse em participar, a Toyota foi a única a apresentar uma maqueta do seu futuro carro, o GR Super Sport Concept. E, à semelhança do que também irá acontecer com o Peugeot, também este é o Toyota de estrada mais exuberante e espectacular de sempre. Não vai ser difícil vender as 100 unidades produzidas e garantir que as marcas ainda facturam uma quantidade apreciável de milhões de euros no processo…