O engenheiro sul-africano Gordon Murray é uma das maiores personalidades que já passou pela competição e, em particular, pela Fórmula 1 (F1). Foi projectista da equipa Brabham quando esta concebeu o BT46B, equipado com uma hélice destinada a extrair o ar sob o chassi, colando-o ao solo e tornando-o mais eficaz em curva. Já na McLaren desenhou os fórmulas que venceram pela mão de Ayrton Senna e Alain Prost, mas teve ainda ocasião de conceber e produzir, em 1992, o seu primeiro veículo de série, o McLaren F1, com os característicos três lugares, ocupando o condutor o posto central.

Hoje, com 73 anos e como que a provar que ainda não perdeu a mão, regressa às lides, que é como quem diz, à concepção de superdesportivos. Propõe um modelo que parece ser uma mistura de um McLaren F1 e um Brabham BT46B, uma vez que na traseira do coupé existe uma hélice com fins aerodinâmicos.

Denominado T.50, Murray assume o novo modelo como o sucessor espiritual do McLaren de 1992. Mas o principal truque do desportivo é a sua ventoinha, cuja eficácia foi conseguida à custa de muitas horas de trabalho em túnel de vento. Para tal, a Gordon Murray Automotive associou-se à equipa Racing Point Formula One, antiga Force India, para recorrer ao seu túnel de vento e respectivos técnicos.

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A hélice com 40 cm de diâmetro acelera o fluxo de ar à medida que ele passa pelo difusor traseiro. A tomada de ar quase vertical evita a aspiração de poeiras e pequenas pedras, para na traseira surgirem ainda duas “asas” activas que podem incrementar o apoio aerodinâmico ou melhorar o Cx, consoante o caso.

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Além do cuidado colocado na componente aerodinâmica, o T.50 monta uma mecânica híbrida com sistema a 48V para ajudar a atingir um total de 710 cv. Esta potência, aliada à proverbial capacidade de Murray conceber modelos leves em fibra de carbono, leva a prever tudo de bom em matéria de emoções e capacidade de aceleração.

O motor principal é um V12 construído pela Cosworth, com 4 litros de capacidade e 660 cv de potência. O motor atmosférico é capaz de atingir 12.100 rpm, o que atesta a sua nobreza, passando a sua potência ao solo através das rodas posteriores e uma caixa manual de seis velocidades.

Com 710 cv e um peso de somente 980 kg, o T.50 vai ser revelado em Maio de 2020. Apenas serão fabricadas 100 unidades, para serem vendidas pelo módico preço de 2 milhões de libras, cerca de 2,37 milhões de euros.