Salários baixos, contratos precários, mas sobretudo o impasse na venda do grupo. Estas são algumas das razões que levaram quase 200 funcionários da TVI a assinar uma cartaque já entregaram à administração, na qual anunciam um protesto para a próxima quarta-feira, entre as 13h00 e as 16h00.

Vamos usar a nossa hora de almoço e reunirmo-nos à porta da empresa, manifestando estas nossas preocupações”, lê-se na carta à qual o Observador teve acesso.

No texto, os funcionários reconhecem a “particular fase que a empresa atravessa” — o processo de venda da Media Capital para o grupo Cofina — , no entanto, lamentam que apenas tenham tido conhecimento “do que se passa” com a empresa, através de “outros meios de comunicação social”. “Nunca houve a preocupação de informar os trabalhadores, na medida do possível, para garantir que os acordos firmados vão ser cumpridos, por esta ou qualquer outra administração”, lê-se ainda.

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A decisão de avançar para um protesto foi tomada em plenário, realizado esta quarta-feira, depois de os funcionários da TVI terem sido informados que não iam receber os habituais cartões de Natal, no valor de 150 euros, a serem gastos no grupo Sonae. “Este ano, recebemos a notícia de que só ia haver cartões para as pessoas que recebem 1000 euros brutos e, para os que ganham até 1500 euros, um cartão de 25 euros por cada filho até aos 12 anos. Ficámos muito surpreendidos”, disse fonte da redação, admitindo que o que pode “parecer fútil” foi na verdade “a gota de água de uma situação que se arrasta há muito tempo: a de não haver aumentos salariais”.

Apesar de ter havido este ano uma negociação “bastante dura com os recursos humanos e com a administração” para subir alguns salários até aos 800 euros, os aumentos não foram suficientes: ainda há pessoas na redação a ganhar cerca de 600 euros por mês. “Temos pessoas com contratos precários”, adianta a mesma fonte. Mais, explica:

“No início do verão, conseguimos um compromisso — que foi assinado — de progressão de carreiras no início do próximo ano. Sobre esse assunto não temos qualquer novidade. Foi dito que íamos ser informados da evolução do processo, mas não sabemos muito bem o que vai acontecer. Estamos em processo de venda, não sabemos o que vai acontecer e se o compromisso vai ser respeitado ou não. Estamos nesta incerteza”

A escolha da hora do protesto prende-se com o facto de os funcionários não quererem “de maneira nenhuma pôr em causa o funcionamento da empresa” nem “prejudicar em nada as emissões”, disse ao Observador fonte da redação, que adianta que será um protesto civilizado. “Não vamos fazer barulho. É um protesto civilizado. Até porque não precisamos: é a primeira vez que se faz um protesto assim. Mais do que protestar, estamos preocupados”, acrescentou ainda.