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Os portugueses que devem chegar da China nos próximos dias tanto vão ser rastreados à saída do país asiático como também à chegada ao aeroporto, garantiu esta quinta-feira a ministra da Saúde Marta Temido. O Jornal de Notícias conta que apesar de o dispositivo contra o coronavírus ainda não estar totalmente definido, a ministra já garante serão “seguidos os protocolos internacionais”.

Está prevista uma consulta logo à chegada na qual cada passageiro terá de responder a um inquérito epidemiológico, que servirá para traçar um história clínica recente. A ministra assegurou ainda que “qualquer suspeita será encaminhada de imediato” e que o regime de quarentena será aplicado, apesar de ainda estar a ser “estudado e preparado”.

O jornal Expresso também explicou que apenas um dos quinze portugueses em Wuhan recusou ser retirado da cidade chinesa que é tida como o epicentro do coronavírus, alegando confiar nas “medidas de saúde e nas condições existentes na China”. A mesma fonte do jornal garantiu ainda que as autoridades portuguesas pretendem “manter um contacto regular” com o mesmo sujeito, isto “enquanto a situação de quarentena durar.” Apesar de ainda não haver confirmação oficial das autoridades, a TVI 24 avança que os portugueses em questão deverão regressar a casa já na próxima sexta-feira, 31 de janeiro.

O ministério dos Negócios Estrangeiros já tinha confirmado na passada quarta-fiera que esta operação de repatriação envolvia “serviços consulares, de proteção civil e de saúde do Estado português, em consonância com os protocolos internacionais definidos, e será executada em coordenação com as autoridades chinesas e com o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia”.

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Graça Freitas revelou que o protocolo a ser aplicado aos portugueses que regressem a casa passara por: “Podem ser enviados para casa, podemos pedir para serem isolados nos quartos e também podemos ligar várias vezes por dia. Se percebemos que nos últimos 14 dias não saíram praticamente de casa, não tiveram contacto com doentes e animais vivos, há um risco baixíssimo e ficam submetidos a medidas de vigilância muito baixas”. Se apresentarem algum sintoma de doença, deverão contactar as autoridades de saúde imediatamente.

Também haverá um protocolo específico no caso desses repatriados já estarem doentes “ou exibirem sintomas a bordo”. Outros países como Espanha, por exemplo, estão a prever um período de quarentena obrigatório de 14 dias a todos os cidadãos que regressem de Wuhan mas Portugal não tem esse procedimento previsto.

O primeiro avião fretado pela União Europeia (UE) para fazer o repatriamento dos europeus que querem sair de Wuhan, a localidade chinesa onde surgiu o coronavírus, partiu do aeroporto de Beja esta quinta-feira. A aeronave, da companhia Hi Fly, levantou voo pelas 10h.

A operação atraiu dezenas de curiosos às imediações do aeroporto de Beja para assistirem à partida do avião.

O avião fará o repatriamento de europeus, entre eles os 17 portugueses que querem sair de Wuhan. Está previsto que o voo pare primeiro em Paris, em França, “onde entrarão cerca de três dezenas de operacionais, entre médicos, autoridades e técnicos de saúde”, adiantou à Agência Lusa o comandante Antonios Efthymiou, da companhia Hi Fly.

A aeronave seguirá depois para Hanoi, no Vietname, antes de aterrar em território chinês. Haverá mais dois aviões preparados para fazer o repatriamento dos europeus. “Depois disso, o avião ou volta para aqui [Beja] ou faz outra missão, depende”, disse Efthymiou, indicando que deverão ser repatriadas um total de 350 pessoas. “Está tudo preparado para a missão”, garantiu ainda o comandante.

Questionado sobre se a tripulação teve algum treino específico, o comandante esclareceu que têm estado em contacto com o departamento médico da companhia e que tiveram uma preparação especial nas instalações da empresa em Lisboa. “Todas as precauções foram impostas pelas autoridades de aviação asiáticas. (…) Estamos prontos para partir. É uma missão humanitária e temos orgulho em trazer as pessoas de volta. Podia ser a nossa família”, sublinhou.

Efthymiou disse não ter qualquer receio relativamente ao coronavírus e admitiu “estar contente por fazer este voo e trazer as pessoas”.

A diretora-geral de Saúde (DGS), Graça Freitas, em declarações ao Jornal de Notícias, confirmou que vai enviar técnicos para explicar os procedimentos a adotar em operações de evacuação às tripulações portuguesas.

Haverá mais dois aviões preparados para fazer repatriamento dos europeus

Na quarta-feira, o Jornal de Notícias adiantou que a pista do aeroporto de Beja, a única infraestrutura aeroportuária em Portugal capaz de acolher a maior aeronave comercial do mundo (A380), tem mais duas horas reservadas para voos. A Agência Lusa contactou os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, a Força Aérea Portuguesa, a ANA Aeroportos de Portugal e a companhia aérea Hi Fly, mas não conseguiu confirmar informações sobre quaisquer voos fretados.

O mesmo jornal deu igualmente conta de que “às 11h e às 15h poderão ocorrer mais voos da Hi Fly” com o mesmo objetivo. A aeronave que deverá partir às 11h “também faz escala em França”, mas o voo seguinte deverá rumar a Bruxelas, na Bélgica, de onde seguirá com destino ao Vietname.

A China elevou para 170 o número de mortos na sequência do coronavírus. Há mais de 7.700 infetados pela doença detetada no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei.