Em declarações à agência Reuters, o porta-voz da BMW Maximillian Schoeberl revelou que o ciclo de vida dos actuais modelos da Mini vai ser prolongado, ou seja, há que contar com mais do que os seis anos habituais, não só porque a marca quer poupar mas também devido ao Brexit. Significa isto que a plataforma UKL1, onde o Mini hatchback é montado desde 2014, vai manter-se no activo por uma questão de custos e devido às incertezas políticas geradas pela saída do Reino Unido da União Europeia, ao fim de 47 anos de permanência na UE.

Os diferentes construtores britânicos ou com fábricas no país sempre se mostraram receosos das consequências de uma saída sem acordo, mas foi isso que acabou por acontecer. É público que a Honda vai fechar a fábrica onde faz o Civic hatchback, em Swindon, até o final de 2021, enquanto a Jaguar Land Rover anunciou uma suspensão das suas quatro linhas de produção. Agora, o rol de “vítimas” aumenta com a decisão da BMW, grupo a que pertence a Mini, abrindo-se até a possibilidade de a marca vir a transferir parte da produção para a Holanda. Certo, de momento, é que a BMW não investirá na unidade fabril de Oxford até que haja um acordo comercial entre Reino Unido e UE. E, em virtude do entendimento que for alcançado, a Mini agirá em conformidade. Se as tarifas não forem além dos 5%, a estrutura produtiva do fabricante mantém-se tal como está. De contrário, o volume de produção na fábrica inglesa é reduzido e a exportação passará a fazer-se preferencialmente a partir da Holanda, o que passaria necessariamente por um aumento da produção nas instalações da Mini em Born.

Com os consumidores a revelarem-se cada vez mais interessados em propostas tipo SUV ou crossover, a Mini não está a atravessar um dos seus melhores momentos. As vendas globais da marca cifraram-se em 346.639 unidades no ano passado, acusando uma queda de 4,1%. Em Dezembro, tradicionalmente um mês atípico nas vendas mas pela positiva, a retracção foi ainda mais severa, com menos 17,7% de novas matrículas.

A agravar este quadro, há ainda que ter em linha de conta as novas exigências da Europa em matéria de emissões, que obriga os fabricantes a enveredar pela electrificação para evitar multas por incumprimento. Sucede que isso implica investimentos, daí que, para fazê-los, o Grupo BMW queira poupar 12 mil milhões de euros, até 2022. Esta redução de gastos deverá ser alcançada por via da supressão de motores e de transmissões, reduzindo o número de possíveis combinações, e cortando nos custos de desenvolvimento. Disse o analista Juergen Pieper à Reuters que só o desenvolvimento de uma nova plataforma orça em cerca de mil milhões de euros.

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