Sérgio Conceição, o mesmo treinador que há duas semanas passava pela flash interview para deixar a “bomba” da falta de união no FC Porto em 80 segundos onde esteve sempre de cara fechada, terminou o clássico no Dragão frente ao Benfica com uma expressão transfigurada de alguém que estava genuinamente feliz e que mostrava esse mesmo sentimento em atitudes, desde o apertado abraço a Vítor Ferreira à conversa com Marcano, passando por muitos outros cumprimentos mais radiantes do que é habitual. Tudo sem casaco, como se fosse quase uma noite de primavera. No entanto, na zona de entrevistas rápidas, voltou a parte mais serena e pragmática.

Sérgio, nome de aluno do quadro de honra quer o apelido seja Conceição ou Oliveira (a crónica do FC Porto-Benfica)

“Foi um grande jogo de futebol, com intensidade, com duas equipas a quererem ganhar, grandes jogadores em campo. Na estratégia e naquilo que ia acontecendo, cada treinador foi tentando mudar para positivo a equipa… Foi um grande jogo de futebol”, começou por dizer na flash interview da SportTV.

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“Preparei o jogo no sentido de sermos uma equipa pressionante mas de forma organizada. Tínhamos de ser fortes, anular a fase de construção do Benfica, quer em termos de duelos, quer na aproximação à segunda bola fomos superiores. A partir desses momentos defensivos, explorámos bem com bola as fragilidades do Benfica, tivemos inúmeras oportunidades e a infelicidade de sofrer dois golos. O Benfica marca na primeira vez que vai à baliza e na segunda parte foi exatamente igual. Fomos uma equipa de grande caráter. Parabéns aos meus jogadores, a equipa fez um excelente jogo contra uma equipa forte”, prosseguiu Sérgio Conceição, antes de falar das alterações que foi promovendo e na possibilidade de haver outro tipo de resultado no clássico.

“Penso que sofremos um bocadinho no corredor central, passei Marega para a direita, Otávio como terceiro homem no meio-campo, equilibrou esse espaço. Troquei o triângulo de meio-campo, Uribe ficou mais fixo e o Sérgio e o Otávio passaram a ser os médios interiores, a bola chegava aos corredores laterais e havia alguma liberdade dos médios. Acreditámos sempre que era possível aumentar a vantagem. Não fomos eficazes, se tivéssemos sido saíamos com um resultado volumoso. Foi um jogo interessante também na vertente da estratégica, a equipa está de parabéns”, destacou, antes de falar sobre o que falta jogar no Campeonato: “Acreditamos sempre. Este é só mais um jogo, 3 pontos apenas. Não interessa nada ganhar este se no próximo não ganharmos em Guimarães. É uma maratona, estamos na luta porque acreditamos muito no que fazemos. Os jogadores provam isso, temos um balneário que está de parabéns. Temos um plantel equilibrado”.

No final, e já sem qualquer questão colocada, o treinador dos azuis e brancos aproveitou também para deixar uma dedicatória especial no triunfo deste sábado. “Quero dedicar a vitória a uma menina que sofre de uma doença oncológica. É a Inês Índio, filha do Alberto Índio, que é quem dá a música quando entramos no estádio. Quero dedicar a todas as crianças que estão na mesma situação. Sei que hoje os meus jogadores deram um momento de grande felicidade a pessoas que sofrem destes problemas e é importante frisar isso”, frisou.

Já Sérgio Oliveira, o MVP do encontro, destacou um jogo consistente e bem conseguido dos dragões antes de reforçar o ADN do FC Porto. “Sabíamos que era um jogo bastante complicado, tínhamos de dar uma boa resposta perante estes adeptos, foram importantes hoje. Fomos superiores em todos os aspetos e conseguimos a vitória. Uma equipa como o FC Porto nunca desiste. Está no nosso ADN, até ao fim. Hoje marcámos presença, estamos mais perto do primeiro lugar e vamos manter até ao fim. É normal numa época haver altos e baixos, o importante é o presente e o futuro, o passado já lá vai. Demos uma boa resposta e vamos continuar a dar. Podem contar connosco até ao final”, comentou o médio que voltou a ocupar a vaga do lesionado Danilo.