Portugal entrou hoje em estado de emergência devido ao novo coronavírus. A decisão foi decretada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de os partidos com assento parlamentar terem aprovado a medida (sem votos contra, mas abstenções de PCP, Verdes, Iniciativa Liberal e da deputada Joacine Katar Moreira).

Foi um dia longo, com os principais atores políticos portugueses em destaque e na fila da frente para tomar decisões fundamentais a todo o país. Marcelo ‘recebeu’ em Belém os 19 conselheiros de Estado. Este conselho de Estado teve a particularidade de ter sido feito por videoconferência. Só Marcelo estava em Belém, na sala onde se reúnem os conselheiros de Estado e no seu lugar de sempre, o topo da mesa.

Depois de ouvir os conselheiros, Marcelo informou o Governo de António Costa da sua decisão de proposta de estado de emergência e o primeiro-ministro marcou imediatamente um Conselho de Ministros extraordinário no Palácio da Ajuda – até nova ordem serão ali os próximos conselhos de ministros, porque é o único sítio onde poderá haver uma distância de segurança entre cada ministro.

No Palácio de Ajuda, António Costa mostrou apoio à decisão do Presidente da República, remetendo a aprovação para a Assembleia da República minutos depois. António Costa dirigiu-se aos jornalistas, mas respeitando medidas nunca antes vistas em Portugal: as assistentes que entregam o microfone aos jornalistas para fazerem as perguntas estavam de máscara e luvas, as cadeiras estavam afastadas sensivelmente um metro uma da outra e o primeiro-ministro, ao responder às perguntas, manteve-se longe dos jornalistas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As 16h00 era a hora marcada para o início do debate no Parlamento da proposta de Marcelo, mas os partidos tiveram uma hora para apreciar o documento, tendo os trabalhos sido retomados às 17h00.

Imagens fortes do plenário? Deputados de máscara e luvas, o parlamento reduzido a metade por questões de segurança e os membros do Governo separados por uma cadeira, para preservarem uma distância entre si de, pelo menos, um metro.

O deputado Emídio Guerreiro do PSD e João Almeida do CDS foram os únicos deputados no hemiciclo de máscara, mas muitos outros deputados usaram luvas e foi visível a forma como constantemente desinfetaram as mãos. Nas galerias, quem assistia ao debate – na sua maioria assessores – respeitou também as recomendações da Direção-Geral de Saúde e permaneceram com uma distância mínima de um metro.

No palanque principal onde os partidos fizeram as suas declarações, dando a sua opinião sobre o estado de emergência, os serviços do parlamento desinfetavam os microfones sempre que um deputado terminava a sua intervenção. Costa abandonou, com os restantes membros do Governo ali presentes, o hemiciclo ao lado do ministro da Defesa, da Administração Interna e do seu Secretário de Estado Adjunto.

Marcelo Rebelo de Sousa falou aos portugueses à hora marcada, 20h00, em todos os canais de televisão, e declarou oficialmente o estado de emergência no país por um período de 15 dias. As medidas aprovadas entram em vigor a partir do dia de amanhã.

Veja as fotografias de todo este dia que ficará para sempre na história por ter sido a primeira vez que Portugal viu na sua democracia ser declarado o estado de emergência.