O patronato do comércio e dos serviços considera “inaceitável” o “profundo desprezo” do Governo pelo setor, na hora de anunciar as medidas de apoio à economia para fazer face à pandemia. Em comunicado, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) incentiva, por isso, os empresários “a não adiarem decisões (como aconteceu, por exemplo, no período de ajustamento) e a adotarem uma política de redução rápida de custos, nomeadamente laborais, de forma a minimizar as dificuldades com que estão confrontados”. Ou seja, despedimentos, como reconheceu o presidente da CCP, João Vieira Lopes, ao Expresso.

A CCP não se conforma com a exclusão do comércio e dos serviços da linha de crédito concedida pelo Governo, recordando que estes setores abrangem 200 mil empresas e 1,7 milhões de empregos.

Também a CIP (Confederação Empresarial de Portugal) critica em comunicado a exclusão de “um grande número de setores severamente afetados pelos efeitos da pandemia”, mas a entidade liderada por António Saraiva prefere esperar, estando convencida de que “virão a ser considerados em função das necessidades identificadas nos próximos dias”.

Em todo o caso, a CIP está muito satisfeita com as medidas de apoio fiscal e de redução das contribuições para a segurança social.

Já a AEP (Associação Empresarial de Portugal) pede, por seu lado, ao Governo que seja feito “mais, muito mais, e com efeito imediato” no estímulo à economia, lamentando que o Governo não tenha ido mais longe nas medidas de apoio à economia e ao emprego.

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Apesar de estarem em causa mais de 9 mil milhões de euros em estímulos fiscais, moratórias de créditos e garantias para empréstimos — que a AEP considera importantes —, a associação entende que “a situação de emergência que vive a economia e as empresas, com vista a evitar-se o colapso de todo o sistema, obriga a medidas mais ambiciosas, claras e de aplicação imediata”.

Os empresários da AEP consideram que, “face ao já avançado, a magnitude do conjunto destas medidas está ainda muito longe de alcançar as reais necessidades” das empresas, notando que os 9,2 mil milhões de euros prometidos equivalem a “menos de 5% do PIB anual português”, muito longe do pacote de estímulos económicos de Espanha, “que ultrapassa os 16% do PIB anual espanhol”.

Avisam, por isso, que se Portugal não conseguir manter a capacidade de criar valor, “estará comprometido o futuro” do país e da sociedade portuguesa.

Na restauração, a AHRESP (Associação da hotelaria, restauração e similares de Portugal) entende as novas medidas anunciadas “como um esforço e preocupação de resposta” às propostas que a associação fez ao Governo, mas considera que “é necessário mais, nomeadamente no apoio direto à tesouraria das empresas”.

“Garantir segurança de tesouraria e injetar liquidez nas empresas de forma imediata e eficaz é a prioridade para a manutenção dos negócios e dos milhares de postos de trabalho dos nossos setores de atividade”, sublinham os representantes da restauração.