O primeiro-ministro britânico afirmou esta quinta-feira, em conferência de imprensa (ainda presencial e não remota) estar confiante de que o Reino Unido conseguirá “virar a maré” na resposta à propagação do surto do novo coronavírus “algures nas próximas 12 semanas”, ou seja, nos próximos três meses — até meados de junho.

Mas só o conseguiremos fazer se seguirmos os passos [recomendados pelas autoridades de saúde]. Isso é vital, porque é assim que vamos reduzir o pico [de infetados]. Assim que conseguirmos isso, e acho que o conseguiremos se seguirmos esses passos, vai entrar em ação o progresso científico em que estamos a trabalhar”, apontou.

Sobre o “progresso científico” que Boris Johnson acredita começar a ter impacto dentro de aproximadamente três meses, o primeiro-ministro britânico detalhou: “Hoje [19 de março] colocámos o primeiro paciente britânico deste coronavírus em testes para medicamentos que esperamos que possam tratar a doença [Covid-19]. Os especialistas e cientistas do Reino Unido esperam começar testes para a primeira vacina dentro de um mês. E estamos a melhorar no processo de testes”.

O PM britânico, Boris Johnson (@ Leon Neal – WPA Pool/Getty Images)

O PM britânico revelou ainda que o país está “neste momento em negociações para comprar um teste de anticorpos”. Os autores deste teste alegam que é fiável e que permite perceber se alguém está ou não infetado com o novo coronavírus, mesmo que não exiba sintomas.

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Se funcionar, como o garantem os seus proponentes, vamos comprar centenas de milhares destes kits tão rápido quanto possível. Porque, obviamente, têm o potencial de mudar tudo”, referiu ainda Boris Johnson, explicando que permitirá a quem não tem sintomas mas está infetado ter maiores probabilidades de ser diagnosticado e não contagiar outros.

O apelo às pessoas: “O que estamos a pedir é crucial para salvar milhares de vidas”

O início tinha sido para um agradecimento: mal começou a discursar esta quinta-feira à tarde, o primeiro-ministro britânico começou por “agradecer a todos pelos grandes esforços que estão a ser feitos neste país para cumprir com as recomendações dadas. Sabemos que estamos a pedir muito — aos estudantes que ponham a sua educação em pausa, às pessoas que não possam socializar de forma normal”.

O que estamos a pedir a todos é crucial para salvar literalmente milhares de vidas”, apontou.

Boris Johnson prosseguiu dizendo que já é possível “ver o impacto” do novo coronavírus “na economia e nos negócios do Reino Unido”. Por isso, referiu falando em nome do Governo, “é vital que os apoiemos”. E fez apelos à população para seguir as diretrizes das autoridades do Reino Unido na proteção recomendada: “Fiquem em casa se vocês ou alguém na vossa família tem sintomas. Evitem contactos desnecessários. Evitem ajuntamentos onde possam apanhar a doença — pubs, bares, restaurantes… por favor, sigam esses conselhos escrupulosamente. Trabalhem de casa, se vos for possível. Lavem as mãos”.

Questionados se estas medidas restritivas — menos do que as decretadas em países que já declararam Estado de Emergência, como Portugal — são suficientes, respondeu: “Todas estas decisões relativamente a pubs, bares e restaurantes… como disse, decidimos muitos guiados pela ciência. Recomendámos que as pessoas evitassem estes lugares. Se sentirmos que isso está a funcionar, só queremos dizer a todos: obrigado pelos vossos esforços”.

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O primeiro-ministro britânico manifestou ainda algum otimismo e prosseguiu nos apelos: “É através desta combinação de ação coletiva determinada e impiedosa com o progresso científico que já estamos a ver que iremos ser bem sucedidos. Sei o quão difícil pode parecer neste momento, mas se fizermos isto juntos vamos salvar milhares de vidas”.

Aos empregadores do Reino Unido, Boris Johnson pediu: “Mantenham-se ao lado dos vossos empregados, dos vossos trabalhadores, porque nós [Governo] iremos ficar ao vosso lado — e saberão mais sobre isto no próximo par de dias”.