Em pouco mais de 48 horas, Ifema deixou de ser uma espécie de centro de congressos de Madrid, que recebe várias feiras, concentrações, conferências e encontros ao longo do ano. Em pouco mais de 48 horas, Ifema passou a ser o maior hospital de campanha de Espanha, construído em cerca de dois dias para receber milhares de infetados com o novo coronavírus e ser o grande centro de tratamento da capital espanhola, a cidade mais afetada pela pandemia no país.

Em pouco mais de 48 horas, o médico Antonio Zapatero deixou também de ser apenas o diretor de Medicina Interna do Hospital de Fuenlabrada, também em Madrid, para ser o diretor do hospital de campanha construído pela Unidade de Emergências Militares no recinto da Ifema. “Temos um projeto difícil que tem de ser bem conseguido. Isto era algo completamente impensável. Quando olhava para o famoso hospital de Wuhan, construído em poucos dias, pensava que era uma coisa que só ia acontecer na China. E agora temos o mesmo aqui. Temos de nos adaptar às circunstâncias e oferecer uma solução ao que está a acontecer no nosso país”, disse ao médico ao El Confidencial. O hospital de campanha, o primeiro totalmente dedicado à Covid-19 em Espanha, tinha disponíveis esta quarta-feira 1.300 camas e espera chegar às 5 mil, distribuídas pelos vários pavilhões da Ifema.

Espanha muito perto do pico da doença

Mas Antonio Zapatero, um dos médicos na linha da frente da luta contra uma pandemia que já matou mais de 3.400 pessoas em Espanha, tem uma faceta desconhecida. O médico é o atual campeão espanhol de maiores de 60 anos em ténis, depois de na década passada ter sido várias vezes campeão nacional acima dos 50 anos. Praticante de ténis desde criança, chegou a ponderar seguir carreira profissional mas acabou por optar pela carreira como médico — e o ténis perdeu uma enorme promessa. Além de ser campeão nacional de veteranos, Zapatero é vice-presidente da Federação Territorial de Ténis de Madrid e faz parte da Assembleia-Geral da própria Federação Espanhola de Ténis, estando profundamente envolvido na modalidade no país.

Na entrevista ao El Confidencial, o médico reconheceu que é adepto do Real Madrid e que, por isso mesmo, sentiu particularmente a morte de Lorenzo Sanz, antigo presidente do clube merengue que morreu esta semana devido ao coronavírus, aos 76 anos. “Todas as mortes devido à ou relacionadas com a Covid-19 são igualmente dolorosas para quem está imerso nesta batalha. Mas claro que, como madridista, senti muito a morte de Lorenzo Sanz. Ninguém se pode esquecer de que foi durante o seu mandato que recuperamos a hegemonia no futebol europeu, ao conquistar duas Taças dos Campeões Europeus”, explicou Zapatero.

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