Aumentou para 5.170 o número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus em Portugal, até este sábado 28 de março, um aumento nominal de 902 casos, o maior desta crise (21%) que se poderá explicar por um maior número de testes a serem feitos desde que entrou em vigor o período de mitigação. A atualização do boletim da Direção-Geral de Saúde deste sábado elevou o número de mortos de 76 para 100 e indicou, também, que existem 418 pessoas hospitalizadas – mais do que o dobro das que se registavam dois dias antes. Nos cuidados intensivos estão 89 pessoas.

A pressão crescente sobre o Serviço Nacional de Saúde, reconhecida na conferência de imprensa deste sábado pela ministra Marta Temido, pode ser ilustrada por esse número, que poderá estar relacionado, em parte, com pessoas infetadas provenientes de lares e que são internadas por não haver alternativa, quando a sintomatologia até faria com que pudessem estar em casa. Esse foi um problema para o qual a ministra alertou, pedindo às organizações para que garantam que só são internadas as pessoas que precisam mesmo, e não porque os lares fecharam.

À meia-noite deste sábado havia 4.938 pessoas à espera de resultado de testes – um aumento de cerca de mil em relação à véspera.

Número total de casos, mortes e recuperados

Como já tinha acontecido no boletim anterior, registou-se este sábado a maior subida em números totais de casos confirmados no país – um aumento de 21% semelhante ao ritmo registado no boletim anterior.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O número de mortes voltou também a subir, passando de 76 para 100 (44 no Norte, 27 em Lisboa e Vale do Tejo, 28 no Centro e uma no Algarve). Continua a não haver registo de óbitos no Alentejo, Açores e Madeira.

Pelo terceiro dia consecutivo, porém, o número de recuperados manteve-se em 43 pessoas.

Caracterização dos óbitos

Morreu mais uma pessoa com idade inferior a 50 anos – já houve dois óbitos nessa faixa etária dos 40 aos 49 anos. Tal como na primeira morte ocorrida nessa faixa etária, também esta foi uma mulher, segundo o boletim deste sábado.

As restantes mortes dividem-se entre as 5 vítimas com entre 50 e 59, as 14 mortes entre 60 e 69, as 21 vítimas entre 70 e 79 e, finalmente, 58 pessoas com mais de 80 anos que morreram. A letalidade nos maiores de 70 anos ronda os 7,9% dos casos confirmados, avisou a ministra da Saúde, o que compara com cerca de 1,9% em termos gerais.

Caracterização do número de casos por região

As zonas do Norte e do Centro foram aquelas onde se registou um maior aumento percentual do número de casos: 24% (que “puxou” para cima a média nacional, que se situou em 21%).

Mais de 3.000 pessoas infetadas – em rigor, confirmadas – na zona Norte comparam com as menos de 2.500 que havia apenas 24 horas antes. No Centro, há já 647 confirmações, que se somam às 1.287 em Lisboa e Vale do Tejo.

Os concelhos mais afetados até ao momento são Lisboa (366), Porto (343) e, depois, Vila Nova de Gaia, com 262, segundo a informação recolhida pela Direção-Geral de Saúde. Maia (219), Matosinhos (189) e Gondomar (153) são três concelhos nortenhos que também se destacam, seguidos por Braga (152), Ovar (145) e Valongo (139). Só depois surgem Sintra (116) e Coimbra (110).

Número de casos por grupo etário

Está muito perto de 500 o número de pessoas com mais de 80 anos que já tiveram resultado positivo em testes feitos pela Direção-Geral de Saúde: os 493 reportados este sábado (208 homens e 285 mulheres) comparam com os 383 casos que havia na sexta-feira nesta faixa etária com maior risco.

Um aumento comparável também se regista noutras faixas etárias com particular risco de letalidade: entre 70 e 79 já há 510 infetados (415 na véspera) e entre 60 e 69 existem agora 736 confirmações (contra 613 na sexta-feira).

E há mais de 1.000 casos (1.002, em rigor) na faixa etária mais prevalente: a dos 40-49 anos – na véspera havia 821.

Número de casos internados e nos cuidados intensivos

Voltou a aumentar de forma significativa o número de internamentos, tal como já tinha acontecido no dia anterior. Há, agora, 418 casos em quadro hospitalar – são 8% dos 5.170 casos totais já confirmados (de onde se poderiam subtrair os 43 já recuperados), o que está em linha com a métrica já várias vezes referida pela diretora-geral de Saúde: nomeadamente quando diz que a larga maioria dos doentes é seguida no seu domicílio.

Já havia 354 internamentos na sexta-feira, mas se olharmos para a evolução em 48 horas, existe uma mais do que duplicação face aos 191 que havia na quinta-feira. A ministra da Saúde comentou que se prevê que “venhamos a ter um número muito elevado de casos de infeção de Covid-19”, o que coloca uma “enorme pressão sobre o sistema de saúde e sobre todos nós – temos de fazer o que está ao nosso alcance para enfrentar o melhor possível aquilo que nos espera”.

Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados

Fica evidente pelos números que estão a ser feitos mais testes. Além do aumento de confirmações, de um dia para o outro regista-se também um total de casos suspeitos a aguardar análise laboratorial de 4.938 pessoas. Eram menos de 4.000 no dia anterior, quando já tinham duplicado face à véspera.

Em plena “fase de mitigação” da pandemia, conseguiu-se, também, aumentar de forma significativa (32%) o número de casos não confirmados: mais de 22.500, contra os cerca de 17.000 despistes que tinham sido feitos entre a véspera e o dia anterior.

Caracterização dos casos confirmados por sintomas

Nota-se, ainda, uma relativa nivelação entre os principais sintomas descritos pelos doentes e validados pelos profissionais de saúde. O sintoma mais prevalente continua a ser a tosse (49%), seguida da febre (41%).

Em dificuldade respiratória sentiram-se 15% dos doentes e 23% reportam dores de cabeça (cefaleias). Dores musculares (28%) e fraqueza generalizada (19%) são, também, sintomas comuns de acordo com a Direção-Geral de Saúde, que baseia esta contabilização em 83% dos casos confirmados.