Um estudo divulgado esta terça-feira nos Estados Unidos estima que a Covid-19 venha a provocar 471 mortes em Portugal até 4 de agosto, indicando ainda que o pico do número diário de mortes foi atingido em 3 de abril.

Face aos números oficiais esta terça-feira divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), que indicam 345 mortes, as projeções dos investigadores do Instituto para Avaliação e Métricas de Saúde (IHME, na sigla inglesa), da Universidade de Washington, atualizados à data de 7 de abril, apontam para mais 126 óbitos ao longo dos próximos três meses. No entanto, as projeções admitem que o número de óbitos em Portugal possa situar-se num intervalo entre os 393 e os 592.

O estudo refere também que o modelo matemático usado para as estimativas, que foram feitas para vários países, “demonstra que, apesar de Portugal não ter tido falta de camas no total, não tinha suficientes unidades de cuidados intensivos (UCI) para a procura, com o auge a surgir com a falta de 118 camas no dia 3 de abril”.

Esta projeção não corresponde à informação pública que tem sido dada sobre a capacidade de resposta dos serviços de saúde. Por exemplo, no boletim divulgado a 3 de abril dava conta que existiam 245 pacientes internados nos cuidados intensivos, número que subiu para 271 esta terça-feira. Os serviços têm vindo a reforçar a capacidade de resposta à medida que surgem mais casos graves.

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A nível europeu, o IHME calcula que o pico diário da taxa de mortalidade por causa da pandemia de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, vai ser atingido na terceira semana de abril. De acordo com as estimativas, cerca de 151.680 pessoas vão morrer na Europa durante a “primeira vaga” da doença, enquanto para os Estados Unidos estão estimadas 81.766 mortes.

Estudo indica que Reino Unido será o país com mais mortos na Europa

Há no entanto grandes assimetrias entre os vários países europeus, e o Reino Unido surge neste estudo como o país que será mais atingido pelos efeitos da pandemia, com um número de mortes que pode chegar aos 66 mil em agosto, muito acima dos países que hoje são os mais afetados, a Itália, para a qual há uma projeção de 20 mil óbitos, e a Espanha, onde a previsão do IHME aponta para 19,2 mil mortos.

Uma explicação possível para esta trajetória, também com base em dados que constam deste estudo interativo e atualizado regularmente, é a constatação de que o Reino Unido foi dos últimos países a impor medidas mais restritivas de circulação e isolamento. Atualmente, o país tem mais de 55 mil infetados, um deles é o primeiro-ministro Boris Johnson que está nos cuidados intensivos, e regista já mais de seis mil mortos, três vezes mais do que a Alemanha que tem quase o dobro de casos confirmados.

Na França, o número de óbitos provocados pelo Covid-19 poderá chegar aos 15 mil. Já a Alemanha deverá limitar o número de  vítimas mortais a menos de nove mil e é um dos poucos países analisados para o qual não se prevê a falta de camas em cuidados intensivos face às necessidades de tratamento de doentes.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil. Dos casos de infeção, cerca de 290 mil são considerados curados.

O continente europeu, com cerca de 708 mil infetados e mais de 55 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 16.523 óbitos em 132.547 casos confirmados até segunda-feira.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 13.798 mortos, entre 140.510 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos, com 10.994 mortos, são o que contabiliza mais infetados (368.449). A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.740 casos e regista 3.331 mortes. As autoridades chinesas anunciaram hoje 32 novos casos, todos oriundos do exterior.

Em Portugal, segundo o balanço feito esta terça-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes, mais 34 do que na véspera (+10,9%), e 12.442 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 712 em relação a segunda-feira (+6%). Dos infetados, 1.180 estão internados, 271 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 184 doentes que já recuperaram.