O Reino Unido vai continuar em “lockdown”. O ministro dos Negócios Estrangeiros e número dois do Governo britânico, Dominique Raab, confirmou esta quinta-feira que as medidas restritivas vão permanecer em vigor “pelo menos nas próximas três semanas“. Raab acredita que aliviar medidas antes do tempo podia levar a uma nova vaga de infeções, que seria mais “prejudicial para a economia” do que continuar com a paralisação.

Dominique Raab disse ainda que esta não é altura para “dar uma segunda oportunidade ao vírus“. Apesar de admitir que o combate à pandemia atravessa um “bom momento” — com uma descida o crescimento de casos — explica que se fossem aliviadas medidas agora, e se o regresso fosse apressado, poderia  ser colocado em causa “todo o progresso que foi feito“. E isso, avisa, poderia “levar a um segundo surto e a um segundo lockdown”.

Dominique Raab divulgou ainda números, adiantados três horas antes (altura em que saiu o boletim das autoridades britânicas), que confirmou que houve um aumento de 861 mortes nas últimas 24 horas, aumentando para 13.729 o número total de vítimas da pandemia de Covid-19. O Reino Unido regista agora 103.093 casos, mais 4.618 do que no dia anterior.

Antes da comunicação ao país, Raab reuniu o Conselho de Ministro (é ele que lidera o Governo na ausência de Boris Johnson) e o Gabinete de Crise (denominado por COBRA), tendo os especialistas que têm assento neste último explicado que o “alívio das medidas levaria a um novo surto do vírus”. O governante utilizou ainda a mesma expressão utilizada por António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa: “Há uma luz ao fundo do túnel”.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros definiu cinco fatores que o país tem de cumprir antes de aliviar as restrições:

  • Capacidade de internamento hospitalar;
  • Queda sustentada da taxa de mortalidade diária;
  • Maior certeza científica, através de dados, de que a taxa de infeção diminui para níveis que permitam controlar o surto;
  • Capacidade de testagem em massa;
  • Garantia que alívio de medidas não irá sobrecarregar o sistema de saúde britânico.

Restrições podem durar três meses?

Questionado sobre se o confinamento duraria mais três semanas ou três meses, o número dois do governo britânico Dominique Raab não quis avançar com uma data para o fim do lockdown, mas lembrou que o primeiro-ministro, Boris Johnson, tinha avisado que até “mudar a maré” podia levar “três meses” e que essa continua a ser a perspetiva mais “ampla”. Dar uma data específica seria “irresponsável”.

Raab disse, no entanto, que quando acabar o lockdown haverá uma fase de “transição” em que provavelmente as medidas serão levantadas “uma a uma”, naquilo que seria um regresso gradual. O Reino Unido está assim a seguir a mesma estratégia dos 27 na União Europeia.

Sobre se os idosos terão de ficar mais um ano em casa, Raab limitou-se a dizer que o governo ainda não decidiu “o que acontecerá” na próxima fase, mas lembrou que “a prioridade é salvar vidas”. E acrescentou: “Não queremos prejudicar as pessoas mais velhas, queremos ajudá-las”.

Quando questionado sobre se é preciso um acerto de contas com a China, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico respondeu que é preciso analisar com detalhe o que causou o vírus, mas destaca que o momento também demonstrou a importância da “cooperação internacional”. Além disso, destacou que houve uma boa cooperação entre Londres e Pequim no regresso de britânicos de Wuhan e na aquisição de equipamentos para combate ao vírus. Sobre o que isso significa na prática, Raab limitou-se a dizer que “primeiro é preciso saber o que aconteceu”.

Quais são as desculpas razoáveis para sair durante o bloqueio?

O jornal de The Guardian fez um apanhado daquilo que seriam exemplos do que são, de acordo com as autoridades britânicas, de razões atendíveis para sair de casa:

  • Compra alimentos para vários dias, incluindo produtos que não são bens de primeira necessidade e álcool;
  • Recolher alimentos em casa de amigos que tenham excedentário;
  • Sair para correr, andar de bicicleta ou praticar ioga;
  • Caminhar, quer seja no campo ou na cidade;
  • Participar num contrato;
  • Comprar ferramentas e materiais para reparar um dano na casa provocado pelo mau tempo;
  • Levar um animal ao veterinário;
  • Ir para casa de amigos durante vários dias para permitir apaziguar discussões em casa.

As autoridades exemplificam de motivos que não são razoáveis ​​incluem:

  • Comprar tintas e pincéis, simplesmente para redecorar uma cozinha.
  • Conduzir durante horas para ir correr a um local e a condução durar mais do que o exercício físico;
  • Trabalhar num parque quando pode fazê-lo em casa;
  • Ir buscar uma receita ao veterinário quando isso pode ser feito por telefone.
  • Ir a casa de um amigo ou encontrar-se com amigos para socializar.