Filipe Duarte morreu esta sexta-feira vítima de um enfarte. A notícia, avançada pela SIC ao início datarde desta sexta-feira, foi confirmada pela Agência Lusa junto de fonte próxima da família, que adiantou que o ator morreu de madrugada em casa, no concelho de Cascais, onde vivia com a mulher, a atriz espanhola Nuria Mencía, e a filha de nove anos. Tinha 46 anos.

[Veja aqui as reações à morte do ator:]

“Era o melhor ator da sua geração.” Reações à morte de Filipe Duarte

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Luís Filipe Duarte nasceu a 5 de junho de 1973, em Angola. Mudou-se para Portugal ainda na infância. Estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema e no Instituto de Investigação e Criação Teatral, em Lisboa.

Estreou-se nos palcos em dezembro de 1994 na peça “Homo Dramaticus”, com a Companhia Teatral do Castelo, como regista a base de dados do Centro de Estudos do Teatro da Universidade de Lisboa. A mesma fonte indica que Filipe Duarte chegou a apresentar-se profissionalmente sob o nome Luís Filipe Silva, precisamente naquela peça, com texto de Alberto Adellach e encenação de Adolfo Gutkin.

Ainda no teatro fez, entre outros, os espetáculos “Contos do Ócio” (1997), de Francisco d’Orey Salgado e Mário Botequilha, no Teatro da Comuna; “Esboço Sobre a Ansiedade” (1998), de Carlos J. Pessoa, no Teatro da Garagem; “Ninguém Ficará Imune” (2001), de David Mamet e João Lagarto; e “Teatro Twitter” (2014), novamente no Teatro da Garagem.

Colaborou também com o Teatro Meridional e o Teatro do Vestido, mas foi sobretudo no cinema e televisão que trabalhou. Ao longo da sua carreira, participou em várias produções nacionais, para o pequeno e grande ecrã. Entrou em “Variações” (2019), do realizador João Maia — onde interpretou o papel de Fernando Ataíde, companheiro do cantor António Variações e um dos fundadores da discoteca lisboeta Trumps, onde o artista deu um dos seus primeiros concertos — e em “Mosquito” (2020), de João Nuno Pinto — onde fez de um militar em África, durante a Primeira Guerra Mundial.

João Nuno Pinto, realizador de “Mosquito”: “O que se passou em África foi outro Holocausto, executado por impérios europeus da altura”

Fazia parte do elenco de “Nothing Ever Happened”, o novo filme de Gonçalo Galvão Teles, com quem já tinha trabalhado no telefilme “O Teorema de Pitágoras”. Uma coprodução entre Portugal, Brasil e Bélgica, que recebeu o apoio do fundo Eurimages, criado pelo Conselho da Europa, esta longa-metragem encontra-se em fase de pós-produção, segundo o site IMDB.

Filipe Duarte entrou em mais de 30 filmes ao longo da sua carreira, incluindo “A Outra Margem” (2007), “Cinzento e Negro” (2015) e “A Vida Invisível” (2013). Por “A Outra Margem”, de Luís Filipe Rocha, onde interpretou o papel de um travesti amargurado, recebeu o prémio de melhor ator no Festival de Cinema de Montreal, no Canadá, que partilhou com o ator Tomás Almeida.

[O trailer de “A Outra Margem”, que valeu a Filipe Duarte um prémio no Festival de Montreal:]

Integrou também o elenco do filme de Margarida Cardoso, “A Costa dos Murmúrios” (2004), uma adaptação do romance de Lídia Jorge. Por essa altura, de regresso a África, Duarte decidiu pedir a nacionalidade angolana. Participou nas séries “A Ferreirinha” (2004), “João Semana” (2005), da RTP, e na telenovela “Equador” (2008-2009), uma adaptação do romance homónimo de Miguel Sousa Tavares para a TVI. Também da TVI, entrou na telenovela “Belmonte” (2013-2014).

Fora de Portugal, participou recentemente na telenovela brasileira “Amor de Mãe”, que está a ser exibida à noite na SIC. Era presença recorrente em produções espanholas, tendo entrado, em 2019, na série “Matadero”, “um thriller ibérico” sobre Francisco, um empresário de Torrecillas que vende carne de porco de má qualidade que importa de Portugal.

Filipe Duarte também fazia dobragens para filmes e séries de animação e videojogos. No final dos anos 90, deu voz à personagem Sanosuke Sagara, de “Samurai X”.