O Presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, considerou esta quarta-feira que o alastramento da pandemia provocada pelo novo coronavírus no país está a ganhar proporções “simplesmente assustadoras”.

“Sabíamos que havia casos de contaminação no seio da população, na altura com um óbito oficial e que alguns quadros de saúde tinham sido afetados ao Hospital Dr. Ayres de Menezes, mas estávamos longe de imaginar que o nível de contaminação fosse tão elevado”, disse Evaristo Carvalho.

O chefe de Estado são-tomense convocou esta quarta-feira uma reunião dos órgãos de soberania, o segundo em cinco dias, e convidou representantes em São Tomé e Príncipe da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisar a situação “muito preocupante” da doença no país.

Referindo-se aos resultados de 161 casos comprovados com base nos testes feitos no laboratório do Gana, o chefe de Estado considerou que “o quadro é muito sombrio” e “deveras preocupante”. “É caso para perguntar quantos casos positivos teriam sido encontrados se tivéssemos testados mil ou 2 mil casos em vez de 312 enviados ao laboratório no Gana?”, questionou Evaristo Carvalho.

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A situação alterou-se profundamente, claro que não me refiro à realidade em si, mas à nossa apreensão da mesma”, lamentou o Presidente são-tomense, que fez “um veemente apelo” à comunidade internacional com vista a criar condições para a instalação de um laboratório no país.

Evaristo Carvalho quer “assegurar que os testes diagnósticos” sejam realizados em São Tomé e Príncipe, de “forma continua”, uma vez que a solução encontrada de “envio de testes para o estrangeiro não parece ser a mais indicada”. “Igualmente preocupa-me a questão dos ventiladores, bem como a assistência técnica para o seu adequado funcionamento e formação de quadro nacionais para a sua utilização”, acrescentou.

O número de mortes provocadas pela Covid-19 em África subiu esta quarta-feira para 1.959, com mais de 49 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (475 casos e dois mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (191 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (187 casos e quatro mortos), Moçambique (81), e Angola (36 infetados e dois mortos).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.