Sassulo, casa, um golo. Lazio, fora, um golo. Udinese, casa, dois golos. Sampdória, fora, um golo. Cagliari, casa, três golos. Roma, fora, um golo, Parma, casa, dois golos. Nápoles, fora, um golo. Fiorentina, casa, dois golos. Hellas Verona, fora, um golo. SPAL, fora, um golo. Bolonha, fora, um golo. Lecce, casa, um golo. Da 14.ª jornada até agora foi quase sempre assim – adversário, local, quantos remates certeiros. E o cartão cheio só não fez porque nesses 14 encontros a contar para a Serie A houve uma receção ao Inter em que a Juventus ganhou por 2-0 mas não marcou, fazendo a assistência para Ramsey inaugurar o marcador. Aos 35 anos, este é o BI de Ronaldo.

Ronaldo marcou à 20.ª equipa de 21 possíveis e a Juventus está cada vez mais perto de ser campeã pelo nono ano consecutivo

Antes da receção ao Lecce, na passada sexta-feira, a imprensa italiana admitia que o avançado português pudesse ser poupado para começar a fazer a gestão para as últimas dez jornadas do Campeonato antes do “grande jogo” da temporada ainda sem local decidido: a segunda mão dos oitavos da Champions, frente ao Lyon, onde a Juventus tentará anular uma desvantagem de 1-0 em Turim ou em Portugal (Porto ou Guimarães). Não aconteceu, a Vecchia Signora goleou na segunda parte beneficiando da expulsão de Luccioni pouco depois da meia hora, Higuaín voltou aos golos e Ronaldo, de forma inevitável, fez a festa de grande penalidade como frente ao Bolonha, na primeira partida a contar para Serie A depois da retoma e que aumentou a vantagem em relação à Lazio.

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“Acho que o Cristiano Ronaldo e o Dybala podem continuar a jogar, para já. O cansaço pode aparecer daqui a dois ou três jogos mas não é um problema neste momento. Em breve, também o Higuain vai ser indispensável”, lançou Maurizio Sarri antes desse encontro com o Lecce, numa afirmação explicada com mais detalhe na antecâmara do jogo com em Génova – ao contrário do que tem acontecido com muitos outros jogadores de várias ligas, que vão quebrando com o acumular de compromissos depois da retoma entre lesões musculares ou mera necessidade de gestão, o português apareceu ainda em melhor forma do que atravessava antes da paragem. Todavia, nem tudo serão rosas na relação entre o capitão da Seleção e o treinador que rendeu Massimiliano Allegri.

Primeiro, e de forma percetível, houve um choque em relação ao posicionamento em campo do número 7, com Ronaldo a preferir o tipo de movimentações que sempre fez de fora para dentro começando na esquerda e Sarri a tentar fazer do avançado um ‘9’ mais fixo no corredor central, justificado pelo instinto “matador” e também pela possibilidade de assim defender (e desgastar-se) menos. Depois, e de acordo com o ex-internacional Abel Xavier, que falou ao Stats Perform News, “houve também problemas recentemente”. “O treinador tentou tornar-se mais duro porque tem de gerir egos, continuar a evoluir jogadores de forma a que interpretem corretamente a forma de jogar que quer. Os jogadores têm de o aceitar e estar unidos. Não sei se a direção vai tomar alguma decisão em relação ao treinador mas ainda têm a hipótese de ganhar dois títulos e têm de focar-se nisso”, disse.

Com ou sem problemas ou ruídos de comunicação, a Juventus repetiu a fórmula da retoma para somar mais um triunfo na Serie A: Dybala marcou, Ronaldo marcou, o líder do Campeonato ganhou agora em Génova (3-0). Mas no caso do português o feito foi ainda mais impressionante porque, aos 35 anos, continua a apresentar os mesmos números que tinha há cinco ou dez anos – além de ter marcado 19 golos nas últimas 15 jornadas, tem quase tantos golos (24) como encontros (25) na Serie A esta época e ficou apenas a quatro do líder Immobile.

Comprovando a teoria de que não existe ainda necessidade de mexer ainda muito na equipa, Sarri praticamente repetiu o onze que superou o Lecce trocando apenas Matuidi, que foi lateral esquerdo nesse jogo, por uma outra adaptação, Danilo (antigo defesa direito do FC Porto que no Manchester City com Pep Guardiola chegou mesmo a ser médio e ala). E voltou a entrar bem, com o meio-campo a conseguir ser novamente uma boa fase de construção que não foi nos dois encontros da Taça de Itália e a mobilidade das unidades da frente a fazer a diferença como aconteceu num primeiro remate de Ronaldo com perigo logo aos 15′. Apesar dos nomes que, olhando para o plano meramente teórico, colocavam o Génova a lutar por outros patamares que não a fuga à despromoção (Mattia Perin, Schöne, Behrami, Sturaro ou Pinamonti), os visitados foram sempre dominados, nunca tiveram capacidade de saída mas aguentaram o nulo até ao intervalo entre vários remates e cantos da Juventus, que acabou com mais um remate do português descaído na área para grande intervenção de Perin para canto (42′).

O segundo tempo começou na mesma toada mas com uma diferença que mudou tudo: a eficácia. E mais uma vez veio ao de cima o génio de Paulo Dybala, um fenómeno que tem ainda 26 anos mas que continua a encantar com lances ao nível dos melhores argentinos canhotos como Maradona ou Messi e que inaugurou o marcador com uma jogada individual a serpentear adversários antes de rematar colocado sem hipóteses para Perin (50′). E como um génio nunca veio só, a Juventus “matou” o encontro apenas seis minutos depois em mais um grande golo de Ronaldo: Rabiot ganhou de cabeça no meio-campo, Pjanic viu o avançado, o número 7 avançou para a baliza, puxou para o pé direito e rematou de fora da área em mais um lance de se tirar o chapéu (56′). Mais tarde, Douglas Costa, aumentou para 3-0 (73′) antes de Pinamonti fazer o resultado final apenas três minutos depois.