O comandante do navio-patrulha português NRP Zaire, estacionado em São Tomé há mais dois anos, reafirmou o empenho da Marinha em “assegurar a soberania” do país e “a segurança no Golfo da Guiné”. O NRP Zaire chegou a São Tomé, com uma missão inicial de um ano. A missão foi prolongada para mais um ano e vai completar 900 dias no território são-tomense.

“Neste momento não existe uma data para o fim da missão, daí nós continuarmos operacionais e disponíveis para continuar a operar em águas são-tomenses”, disse o comandante da fragata, o primeiro-tenente Guilherme Rosinha.

“A marinha portuguesa e a Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe estão a desenvolver esforços para que esta missão continue, o navio NRP Zaire, face à pandemia da Covid-19, mantém a sua estadia em São Tomé empenhando-se na formação e manutenção dos seus equipamentos de bordo de forma a estender a sua cooperação “, acrescentou. Esta missão resulta, explicou, do “comprometimento da marinha portuguesa para com a segurança do Golfo da Guiné, em particular com a soberania de São Tomé e Príncipe”.

“Apesar de todos os terríveis efeitos da pandemia global (da Covid-19) que nos afeta, ainda assim conseguimos ter algum otimismo para o futuro”, acrescentou o comandante. O NRP Zaire, chegou a São Tomé a 22 de janeiro de 2018 para uma missão de cooperação e de capacitação operacional junto da Guarda Costeira do país. A embarcação já navegou mais de 2400 horas e percorreu cerca de 21400 milhas.

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Último navio em serviço da classe Cacine, o NRP Zaire foi construído nos estaleiros navais do Mondego, na Figueira da Foz, em 1971, e destinava-se a apoiar as operações da guerra em África.

Em São Tomé, o navio participou em missões de busca e salvamento, fiscalização da pesca, fiscalização dos esquemas de separação de tráfego marítimo, controlo da poluição no mar e apoio ás populações e a organismos civis. Realizou 12 ações de busca e salvamento, 24 ações de fiscalização conjuntas, quatro ações de segurança marítima no âmbito da pirataria e sete vistorias a navios no mar, “tendo identificado duas presumíveis infrações”.

“É um projeto bastante aliciante que demonstra bem as relações de cooperação militar a nível bilateral entre a marinha portuguesa e a Guarda Costeira são-tomense na área da capacitação operacional e na área da fiscalização conjunta dos espaços jurisdicionais, contribuindo assim para a segurança marítima na região”, explicou Guilherme Rosinha.

O NRP Zaire participou ainda, a partir de São Tomé, em oito exercícios internacionais de promoção a segurança marítima no Golfo da Guiné, designadamente Obangame Express 2019, Memo, Grand African Memo, entre outros.

No âmbito da busca e salvamento no mar, destaca-se o papel desempenhado aquando do naufrágio do navio Amfitrit, em abril do ano passado, e no apoio prestado ao combate ao incêndio no navio Ville D’Abidjam, além de um “auxilio” prestado recentemente ao rebocador Bensai que se encontrava à deriva na zona denominada porto das alfandegas, com mais de 30 contentores de carga, ambos no porto da capital do arquipélago.

“O NRP Zaire prossegue a sua capacitação operacional junto da Guarda Costeira de São Tomé e príncipe, com uma guarnição mista, mantendo uma elevada prontidão de atuação no âmbito de segurança marítima da região e dos navegantes”, diz o comandante.

A “permanência do navio deste navio materializa-se num sentimento de segurança e confiança junto da população são-tomense, num projeto que, em muito dignifica Portugal e fortalece os laços entre estes dois países lusófonos”, acrescentou.

A cooperação técnico-militar entre São Tomé e Príncipe e Portugal é uma das vertentes mais intensas das relações bilaterais entre os dois países.

Esta quarta-feira o embaixador de Portugal em São Tomé entregou ao ministério da defesa do país um lote de fardamentos para a Guarda Costeira e materiais de proteção e higienização contra a Covid-19, em cerimónia participada pelo Adido de Defesa junto da Embaixada, assessores de cooperação técnica, comandante do NRP Zaire.

Participaram igualmente o ministro da defesa e ordem interna, Óscar Sousa, o chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, o comandante do Exército e o comandante da Guarda Costeira.