Milhares de pessoas manifestaram-se esta terça-feira em Jerusalém contra o primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, acusado de corrupção em vários negócios e de má gestão da pandemia de Covid-19, exigindo a sua demissão.

Os manifestantes empunharam cartazes com palavras de ordem como “a corrupção de Netanyahu deixa-nos doentes”, “Netanyahu, demissão”, “crime minister” [alusão ao cargo de chefe do Governo, em inglês ‘prime minister’] ou ainda “estamos fartos” defronte da residência do primeiro-ministro israelita.

Um dos organizadores do protesto, o general na reserva Amir Haskel, apelou aos israelitas para se deslocarem a Jerusalém esta terça-feira, “231.º aniversário da Revolução Francesa” (iniciada a 5 de maio de 1789 e que culminou com a tomada do Palácio da Bastilha, a 14 de julho), para “reclamar a liberdade, igualdade e fraternidade”.

A ação de protesto foi acompanhada por várias unidades das forças de segurança israelitas e os manifestantes estavam a utilizar máscaras, mas sem ter em conta o distanciamento físico obrigatório.

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O vírus mais mortal não é a Covid-19, mas sim a corrupção”, disse à agência noticiosa France Presse (AFP) Laurent Cigé, vindo de Telavive para participar na manifestação.

À medida que os manifestantes iam abandonando o local da concentração registaram-se pequenas escaramuças com a polícia.

Acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três processos distintos, Netanyahu está no centro de um julgamento na justiça, que começou em maio e cuja próxima audiência está marcada para 19 deste mês.

Segundo a lei israelita, o primeiro-ministro não é obrigado a apresentar a demissão quando é acusado, só o devendo fazer se for reconhecido culpado de um crime após ter esgotado os procedimentos de recurso, o que poderá levar anos.

Os manifestantes protestaram também contra a forma como o Governo de Israel tem gerido a pandemia de Covid-19, sobretudo num dia em que o Ministério da Saúde israelita anunciou mais de 1.400 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas.

Até há pouco tempo, Israel, com cerca de nove milhões de habitantes, orgulhava-se da gestão feita durante a pandemia, mas o número de novos casos diários tem aumentado nas últimas semanas após ter sido anunciado o fim de algumas restrições impostas pelo confinamento, em finais de maio.

Na semana passada, o Governo israelita anunciou o regresso de várias restrições, como o encerramento dos bares, discotecas e pavilhões desportivos.

Oficialmente, e segundo dados desta terça-feira, as autoridades sanitárias israelitas contabilizaram mais de 41.200 infetados, de que resultaram 368 óbitos.