O concerto recente ao ar livre no ciclo Jardim de Verão, programado pela Galeria Zé dos Bois na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, já sugeria que algo estava a ser congeminado. Poucos esperariam, contudo, que a novidade chegasse tão cedo: B Fachada revelou o seu novo álbum na última madrugada, de este domingo para segunda-feira.

O novo disco do cançonetista português, intitulado Rapazes e Raposas, foi editado apenas digitalmente e publicado nas últimas horas em exclusivo na plataforma de escuta e compra digital de música Bandcamp. “Estava-se mesmo a ver”, leu-se esta segunda-feira de manhã na conta oficial de B Fachada no Facebook, referindo-se às expectativas anteriormente criadas relativamente a um novo álbum para breve.

Na ficha técnica, disponibilizada digitalmente, lê-se que como habitualmente as melodias e arranjos (“músicas”) e as letras são da autoria do intérprete, B Fachada, tendo a gravação e mistura ficado a cargo do produtor musical Eduardo Vinhas, colaborador de longa data de Fachada que produz em parceria com o autor o álbum. B Fachada toca ainda “voz, viola braguesa, modular ADDAC, baixo e teclados”.

A fotografia de capa é da autoria de Mané Pacheco e as sessões de gravação do disco aconteceram em Mértola, entre março — mês em que se iniciou o confinamento resultante da pandemia do novo coronavírus — e maio deste ano. B Fachada partilhou também uma fotografia das gravações na sua conta de Facebook.

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A capa do novo álbum de B Fachada, ‘Rapazes e Raposas’ (@ Bandcamp / Mané Pacheco)

O cantor e compositor português já não revelava um álbum completo desde 2014, sintomático de um menor fulgor criativo depois de uma produção musical frenética entre 2008 e 2012 — no primeiro desses cinco anos editou três EP, ou mini-álbuns, que antecederam discos posteriores como Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado e B Fachada (2009), B Fachada É Pra Meninos (2010), B Fachada (2011) e Criôlo (2012), entre outros EP.

No ano em que editou Criôlo (2012), um dos álbuns mais marcantes na música alternativa portuguesa e na música cantada em português de esta segunda década do século XXI, o cançonetista que chegou a fazer parte da banda Diabo na Cruz e que tem como nome de batismo Bernardo Cruz Fachada despedia-se temporariamente da música, iniciando um interregno sabático depois da gravação e revelação digital do álbum O Fim.

De então para cá, gravou apenas mais um álbum — homónimo, editado digitalmente em 2014 —, um EP a meias com o duo português de rock Pega Monstro (formado pelas irmãs Júlia e Maria Reis) e novas versões das canções do disco Viola Braguesa, aquando do décimo aniversário desse EP, que havia lançado em 2008.