Não é um David contra Golias. Contudo, quase que podia ser. A Slack Technologies, uma startup norte-americana que gere uma plataforma digital para escritórios — o Slack — está a atacar a Microsoft. Qual a razão? Como conta o The New York Times, esta empresa fundada em 2013 afirma que a Microsoft pratica táticas monopolistas como concorrência desleal e abuso de posição dominante (antitrust, em inglês), com programas informáticos como o Microsoft Teams, concorrente do Slack, e Microsoft Office (Outlook, Word, Excel e PowerPoint).

A queixa foi feita esta semana à Comissão Europeia. De acordo com a Slack, a Microsoft está a utilizar o poder que tem no mercado para os dizimar. “O Slack ameaça a retenção da Microsoft nos emails comerciais, a base do Office, o que significa que o Slack ameaça o domínio da Microsoft no software corporativo”, diz em comunicado Jonathan Prince, vice-presidente de comunicações e políticas da Slack.

Microsoft acusa Apple de táticas monopolistas

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Devido à pandemia, plataformas com o Slack, que também é concorrente do Facebook Workplaces, ganharam bastante visibilidade. Contudo, também houve oportunidade para grandes empresas como a Microsoft aumentarem a sua quota neste mercado. Assim, com esta queixa, a Comissão Europeia poderá decidir ir atrás da Microsoft, o que não seria algo novo.

No início da década de 2000, a Microsoft foi acusada por autoridades norte-americanas e europeias de implementar táticas de concorrência desleal e abuso de posição dominante no mercado. A empresa, chegou a ser julgada por táticas monopolistas ao criar impedimentos para que terceiros pudessem disponibilizar software concorrente de programas que disponilizava — como navegadores de internet — através do seu sistema operativo.

Com o Microsoft Teams, a Microsoft tem oferecido aos clientes um produto bastante semelhante ao Slack, com a vantagem de ter automaticamente integração com outros produtos da empresa. Em abril, a Microsoft anunciou que o Teams tinha 75 milhões de utilizadores por dia, mais do que o dobro do número que tinha no início de março. Porém, o Slack tem criado um ecossistema próprio que permite aos programadores criarem programas e aplicações só para esta plataforma, ameaçando o papel da Microsoft.

As ambições do Slack em acabar com o email não são, de todo, segredo. Em fevereiro de 2019, quando a Slack Technologies entrou em bolsa, a expectativa em torno desta plataforma digital para escritório fez com que esta startup tivesse uma uma avaliação de sete mil milhões de dólares (cerca de 6,3 mil milhões de euros). Na altura, o Slack tinha 10 milhões de utilizadores ativos, é superior a 17 mil milhões de dólares. 85 mil empresas a pagar por serviço ilimitado. Atualmente, não se sabe o número de utilizadores do Slack, mas, em outubro, a última vez que a empresa divulgou dados quanto a este tema, havia 12 milhões.