O PS defendeu esta quinta-feira o esforço de “todas as forças democráticas”, incluindo a direita, na recuperação do país após a pandemia, mas alertou que não se deve desperdiçar a experiência dos entendimentos à esquerda nos últimos cinco anos.

O desafio foi lançado por Porfírio Silva, vice-presidente da bancada socialista, numa declaração política, sem réplica, na comissão permanente, órgão que substitui o plenário da Assembleia da República durante as férias, e em que citou o sociólogo Boaventura Sousa Santos para reeditar o apelo do primeiro-ministro, António Costa, para um entendimento à esquerda, com PS, BE, PCP e PEV.

Para recuperar a economia, abalada pela crise causada pela pandemia de Covid-19 desde março, que paralisou parcialmente a economia, o deputado socialista defendeu a necessidade de “estabilidade política necessária à vastidão da tarefa”.

“Usarei uma expressão de um conhecido sociólogo português: agir ‘contra o desperdício da experiência'”, afirmou, citando o título de um livro de Boaventura Sousa Santos, “A Crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício da Experiência”.

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O plano de recuperação “não começa do zero” e, argumentou, “não faria sentido que o plano de recuperação fizesse tábua rasa das realizações destes últimos anos” nem seria sensato “desperdiçar a experiência de cooperação estruturada acumulada pela maioria parlamentar das esquerdas”, desde 2015, que ficou conhecida por “geringonça”.

Para Porfírio Silva, houve “uma aprendizagem conjunta, sem ignorar as diferenças”, mas “fazendo o trabalho de resolver os problemas”.

Contra o desperdício da experiência, devemos mobilizá-la para fazer o que falta fazer, num rumo claro: melhor economia e uma sociedade decente têm de ir a par. É que a desigualdade e a pobreza, além de fazerem mal à nossa humanidade, também fazem mal à economia”, afirmou.

Na sua intervenção, o parlamentar socialista pediu o esforço de “todas as forças democráticas, incluindo aquelas que, hoje na oposição, se preparam para ser governo no futuro”.

“A política democrática precisa de ser simultaneamente cooperação e competição: cooperação competitiva, competição cooperativa”, acrescentou.