22 jogos. Bruno Fernandes só precisou de 22 jogos no Manchester United na temporada passada, somente na segunda metade da época, para ser considerado pelos adeptos o Jogador do Ano dos red devils. Esta semana, o médio português recebeu o Sir Matt Busby Award e juntou-se a nomes como Cristiano Ronaldo, David Beckham, Wayne Rooney e David De Gea, que também receberam a distinção anteriormente.

E nas últimas semanas, entre o escasso período de férias de que os jogadores do Manchester United beneficiaram e os compromissos internacionais, Bruno Fernandes foi um de dois elementos do plantel de Solskjaer que acabaram distinguidos por bons motivos — em contraste claro com outros dois que andaram nas bocas do mundo mas pelas piores razões. Se Harry Maguire foi preso por desacatos na Grécia e Mason Greenwood foi dispensado da seleção inglesa por quebrar as regras de segurança sanitária, Bruno Fernandes continua a ser o preferido dos adeptos e Marcus Rashford é agora o preferido de todos os adeptos.

O jovem avançado inglês, que na temporada passada protagonizou um movimento que acabou por levar o governo de Boris Johnson a prolongar o sistema de refeições gratuitas nas escolas durante as férias, continua a envolver-se na luta pela erradicação da fome infantil no Reino Unido — e agora até foi elogiado por um rival. “O Marcus Rashford pode muito bem tornar-se o primeiro jogador do Manchester United a ser ovacionado em Anfield. Ele fez com que políticos mudassem uma decisão porque queria que todos os miúdos tivessem todas as refeições. O que ele fez é fantástico, extraordinário. São as duas palavras que toda a gente estava a dizer durante a pandemia: Marcus Rashford”, disse Andy Robertson, lateral escocês do Liverpool, em entrevista ao The Times.

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Ora, este sábado, e depois de ter saltado a primeira jornada do fim de semana passado devido à participação prolongada e recente na Liga Europa, o Manchester United estreava-se na atual edição da Premier League. Contra o Crystal Palace, em Old Trafford, Solskjaer apresentava um onze que deixava transparecer que muitos dos habituais titulares estão ainda a recuperar a forma física e que a equipa ainda não tem ainda a dinâmica recomendada: Fosu-Mensah era o lateral direito, McTominay estava no meio-campo com Pogba e Bruno Fernandes e Daniel James era titular no ataque em conjunto com Martial e Rashford. Greenwood, Fred e Wan-Bissaka, habituais titulares no final da época passada, estavam no banco, assim como Van de Beek, médio holandês que é ainda o único reforços dos red devils este verão.

Um onze alternativo que, dentro de campo, acabou por mostrar pouco nos minutos iniciais. O Manchester United ia realizando uma exibição muito pobre quando, ainda dentro dos primeiros 10 minutos, Townsend inaugurou o marcador com um remate de primeira ao segundo poste depois de um cruzamento vindo da esquerda (7′). A equipa de Solskjaer era castigada por uma entrada muito apática na partida e não conseguiu propriamente empreender uma reação à desvantagem — o Crystal Palace, de forma compreensível, recuou no terreno e juntou as linhas perto da grande área e o Manchester United procurou subir no relvado. As ideias, porém, eram poucas e os dois momentos mais perigosos junto da baliza de Guaita foram de Bruno Fernandes, com remates para defesas fáceis do guarda-redes espanhol.

Antes do intervalo, foi até o Palace a ficar perto de aumentar a vantagem, com um remate de Ayew que obrigou De Gea a uma enorme defesa (45+1′), e transparecia a ideia de que Solskjaer teria de mexer na equipa para ir atrás do resultado. No início da segunda parte, Daniel James saiu para dar lugar a Greenwood mas o marasmo de criatividade manteve-se — Bruno Fernandes estava visivelmente fatigado no meio-campo, Pogba mal tinha intervenção na dinâmica ofensiva e a bola não chegava nem a Rashford nem a Martial. E a chegar à hora de jogo, notava-se que o Palace já tinha jogos oficiais e que o Manchester United não tinha tido sequer uma pré-época.

Manchester United v Crystal Palace - Premier League

Van de Beek entrou para o lugar de Pogba já na segunda parte e estreou-se como jogador do Manchester United

Foi por volta dessa altura que Greenwood acabou por ter a primeira oportunidade do United em todo o jogo, ao cabecear ao lado depois de um cruzamento de Fosu-Mensah na direita (60′). Solskjaer reagiu com a entrada de Van de Beek, que se estreou em Inglaterra, para o lugar de Pogba mas os problemas não tinham solução: Rashford estava demasiado encostado à ala, Bruno Fernandes estava em dia ‘não’, Martial não tinha espaço nem bola para desequilibrar. O relógio foi avançando e Zaha acabou por aumentar a vantagem na conversão de um penálti cometido por Lindelof (74′) — que teve de ser repetido porque De Gea estava adiantado na primeira tentativa, desperdiçada por Ayew. Até ao fim, Van de Beek ainda se estreou a marcar pela nova equipa (80′) mas Zaha bisou logo de seguida e acabou com o jogo (85′).

O Manchester United perdeu com o Crystal Palace no primeiro jogo desta edição da Premier League e começou da pior forma uma temporada em que as expectativas face à equipa de Solskjaer até estão bastante elevadas. Num dia de total apatia dos red devils, fica a ideia de que um dia mau de Bruno Fernandes já é também e obrigatoriamente um dia mau para o Manchester United.