A Infraestruturas de Portugal (IP), empresa pública que gere as redes ferroviária e rodoviária, estima uma perda de receita da ordem dos 170 milhões de euros este ano, e está já a discutir com o Governo medidas de financiamento adicional. Em agosto, a empresa recebeu 190 milhões de euros em aumento de capital.

A perda de receita é uma consequência direta do efeito da pandemia na circulação rodoviária que faz a empresa perder proveitos  de dois lados: menos portagens cobradas e uma redução da contribuição rodoviária cobrada sobre a venda de combustíveis e que é a maior fonte de financiamento da IP.

A IP é a principal promotora de investimento público em infraestruturas e é a responsável pelo pagamento dos encargos com as parcerias público privadas (PPP) rodoviárias. Na primeira metade do ano, a empresa acelerou o investimento, sobretudo na rede ferroviária, onde foram aplicados 62,7 milhões de euros. A rodovia recebeu 11,6 milhões de euros.

A estimativa para o ano é avançada nas contas semestrais da IP onde é assinalado uma “perda de rendimentos core (central) de 104 milhões de euros até junho, face ao mesmo período do ano passado. A principal queda de proveitos veio da contribuição rodoviária paga no imposto sobre os combustíveis que baixou 62,9 milhões de euros, menos 23% do que no primeiro semestre de 2019. As portagens recuaram 31%, com menos 36,4 milhões de euros cobrados. Já a queda dos serviços ferroviários, a IP cobra taxa de uso aos operadores, resultou num recuo de 4,7 milhões de euros. Também as receitas do negócio imobiliário foram afetadas.

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Um dos efeitos desta situação foi a apresentação de prejuízos de 49 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, que contrastam com lucros para o mesmo período em 2019 e 2018.

A empresa adianta que a projeção para o final do ano, e com base nos últimos dados conhecidos, aponta para uma queda de 170 milhões de euros, o que representa uma queda da ordem dos 13% face aos proveitos do grupo no final de 2019. Mas este valor vai depender da forma como a pandemia, e os seus efeitos económicos e na mobilidade, vai evoluir no último trimestre do ano.

A Infraestruturas de Portugal revela que  está em estreita articulação com o acionista Estado para “implementar as soluções mais adequadas para a cobertura das necessidades de financiamento adicionais, mantendo-se assim a salvaguarda da sustentabilidade financeira da empresa”.

Desde o resgate financeiro a Portugal que a IP depende do financiamento do Estado. No primeiro semestre, a empresa recebeu dotações de capital de 355 milhões de euros já reforçadas em agosto com mais 190 milhões de euros.