Quando estiverem frente a frente para o debate entre candidatos a vice-Presidente, às 2h de Lisboa desta quinta-feira, Mike Pence e Kamala Harris vão estar sob o olhar atento de um país em suspenso pelo diagnóstico positivo para Covid-19 do Presidente dos EUA. Mas, além daquelas duas personalidades, os olhos dos espectadores vão provavelmente fixar-se noutro elemento daquele debate: as barreiras de acrílico que vão separar o republicano e a democrata.

Esta segunda-feira, em declarações ao Los Angeles Times, o presidente da comissão independente que organiza os debates anunciou que os dois candidatos iam ter uma barreira a protegê-los — haverá outra barreira para a moderadora, a jornalista Susan Page, chefe de redação do USA Today. Além dessas barreiras, todos vão estar a uma distância de 12 pés — equivalente a 3,65 metros.

“Vai haver uma divisória entre os dois candidatos, e entre os candidatos e o moderador”, informou Frank J. Fahrenkopf Jr. esta segunda-feira. E, depois, anunciou que do lado republicano tinha havido uma exigência, que fora no entanto acomodada pela organização do debate: “A campanha de Trump concordou, desde que o vice-Presidente não fique rodeado de todos os lados. Ele não quer ficar dentro de uma caixa.”

Isso foi o que disse o presidente da comissão independente que organiza o debate mas, esta terça-feira, cada campanha já fez questão de pegar nesta questão e fazer dela um tema de viva voz. Esta discussão surge depois de Donald Trump ter testado positivo à Covid-19 e de ter estado com Mike Pence. O vice-Presidente, porém, já foi testado e deu sempre negativo.

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O médico de Mike Pence, Jesse Schonau, defendeu ainda que de acordo com as orientações oficiais o vice-Presidente não está obrigado a fazer quarentena. Uma porta-voz do número dois da Administração Trump diz ainda que a última vez que ele esteve esteve com o Presidente foi dois dias antes de este ter testado positivo e que estiveram juntos, na Sala Oval, mas a uma distância superior a seis pés (1,83 metros).

“Se ela quiser, está totalmente à vontade para se rodear com acrílico, se isso a deixar mais confortável”, disse ao The Washingston Post o diretor de gabinete do vice-Presidente, Marc Short: “Não é necessário.”

De acordo com aquele jornal, e também outros relatos na imprensa norte-americana, a campanha democrata tem, ao longo da negociação da logística do debate, defendido medidas que apontam para uma intensificação das medidas de segurança.

Ainda assim, as declarações que saem da campanha de Joe Biden e Kamala Harris apontam antes para que a responsabilidade da tomada dessas decisões cabe à Cleveland Clinic, uma clínica privada que foi escolhida para assessorar a organização dos debates em matéria de saúde.

“A Cleveland Clinic é responsável pela segurança do debate. Vamos cumprir aquilo que eles determinarem quanto às medidas de segurança”, disse um elemento da equipa de Joe Biden, também ao The Washington Post, sob anonimato. “Todas as questões sobre a correção das medidas de segurança devem ser dirigidas à Cleveland Clinic.”

Uma das medidas será o uso obrigatório de máscaras durante o debate — estando agora determinado que quem não utilizar máscara será convidado a sair do local. No primeiro debate, a família de Donald Trump sentou-se na primeira fila do debate, sem que ninguém usasse máscara durante a maioria do evento — a primeira-dama, Melania Trump, atualmente infetada com Covid-19, usou máscara mas tirou-a já com o debate a decorrer.

De acordo com o relato que Chris Wallace, o moderador do debate, fez mais tarde à Fox News, o canal para o qual trabalha, a família Trump foi abordada por um membro da organização do debate, que terá oferecido ao grupo máscaras para usarem. Essa oferta foi, porém, recusada, e a família do Presidente dos EUA assistiu ao debate sem máscara.